terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A CARTA À IGREJA DE TIATIRA - Ap 2.18-29

FONTE: Mais Que Vencedores - William Hendriksen

Esse lugar está situado num vale que conectava dois outros vales. Sem fortificações naturais e estando aberta a ataque e invasão, uma guarnição estava, geralmente, estacionada ali não só para proteger a cidade, mas para obstruir aos inimigos o cami­nho para Pérgamo, a capital. Sendo um centro de comunicação, com muitas pessoas passando por ela, Tiatira se tornou uma cidade de comércio. Ali se achavam as associações de negó­cios: artesanato de lã, de linho, de capas, tingimento de panos, artesanato de couro, curtidores, oleiros, etc.26 Ali esses negócios se associavam com o culto de deidades patronais: cada negócio tinha seu deus guardião. A situação, portanto, era mais ou me­nos como se segue: se você deseja se dar bem neste mundo, precisa pertencer a uma associação; se você pertence a uma associação, sua própria adesão implica o culto ao seu deus. Espe­ra-se de você que atenda às festas da associação e que coma parte do que foi oferecido à deidade patronal, como um pre­sente dessa mesma deidade. Então, quando termina a festa, e o verdadeiro - totalmente imoral - divertimento começa, você não deve sair a menos que queria se tornar objeto de ridículo e de perseguição!
O que deve um cristão fazer numa situação tão difícil? Se ele deixa a associação, perde sua posição e participação na sociedade. Talvez tenha que sofrer necessidade, fome e perse­guição. Por outro lado, se ele permanece na associação e atende às suas festas imorais, comendo coisas sacrificadas a ídolos e cometendo o pecado de fornicação, ele nega o seu Senhor.
Nessa difícil situação, a profetiza Jezabel fingia conhecer a verdadeira solução do problema, o caminho para fora da difi­culdade. Ela, aparentemente, argumentava assim: para vencer Satanás, você precisa conhecê-lo. Você jamais será capaz de vencer o pecado a menos que se torne experimentalmente fami­liarizado com ele. Resumindo, um cristão deveria aprender "as cousas profundas de Satanás". Atendendo, de qualquer forma, às festas das associações e cometendo fornicação... e ainda per­manecendo um cristão; tornando-se, até, um melhor cristão!
Se, porém, membros de Igreja persuadem-se de que esse rumo é certo, não podem, no entanto, enganar aquele que tem olhos como que de fogo e pés prontos a pisar o iníquo. O Senhor louva aquilo que é digno de recomendação: obras, amor, fé, serviço - serviço de amor para com os irmãos - e perseverança. Ele os louva também "as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras". Quanto a tudo isso, a Igreja de Tiatira era, na verdade, um candeeiro, um candelabro. Mas isso não constitui uma desculpa para a falha em exercitar a disciplina quanto a um membro que se compromete com o mundo. Assim, nós lemos: "Tenho, porém, contra ti o tolerares essa mulher" - não uma esposa - "Jezabel". Seu nome é sinônimo de sedução à idolatria e à imoralidade (1 Rs 16.31; 18.4,13,19; 19.1,2). Se essa mulher "Jezabel" continua impenitente - quão gracioso é o Senhor que lhe dá tempo para se arrepender! - ela será pros­trada na cama, isto é, acometida de enfermidade; seus filhos naturais morrerão de morte violenta e seus seguidores espiri­tuais sofrerão punição. Assim toda a Igreja saberá que Cristo é quem sonda as mentes e os corações. Seus olhos penetrantes vêm os motivos escondidos que fazem as pessoas seguir Jezabel, a saber, falta de disposição para sofrer perseguição por amor de Cristo.
Sobre aqueles que permanecem fiéis, Cristo não impõe mais responsabilidade (cf At 15.28,29). Em sua relação com o mun­do eles devem cuidar que não haja fornicação e evitar comer coisas sacrificadas aos ídolos.
Logo as coisas serão mudadas. No presente, o mundo opri­me os membros da Igreja que desejam guardar a consciência limpa. Mas, depois, o membro da Igreja que permanecer leal a seu Senhor reinará sobre o mundo e, estando associado com Cristo no julgamento final, condenará os pecadores. Ele parti­cipará do domínio de Cristo sobre as nações - que Cristo, por sua vez, recebeu do Pai (SI 2.8,9); e no dia do juízo final o ímpio será reduzido a pedaços. Os oleiros de Tiatira estavam aptos a entender esse símbolo.
"Dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã." Aqui, novamente, a referência primária é ao próprio Cristo (Ap. 22.16). Assim como a estrela da manhã reina nos céus, assim os crentes reinarão com Cristo; compartilharão do seu domínio e esplendor reais. A estrela é sempre símbolo de realeza, estando ligada ao cetro (Nm 24.17; cf. Mt 2.2).

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