FONTE: Mais Que Vencedores - William Hendriksen
Sardes, a
inconquistável, estava situada sobre um monte quase inacessível, mirando o
vale Herma, e, nos tempos antigos, a suntuosa capital da Lídia. Seu povo era
arrogante, confiante em si mesmo. Eles estavam certos - muito certos, até! - de
que ninguém poderia escalar aquele monte com suas encostas perpendiculares.
Havia um único ponto de acesso: um estreito corredor na direção do sul que
poderia ser facilmente fortificado. Mas o inimigo veio, em 549 A .C. e de novo em 218 A .C. e... tomou Sardes. Um ponto
despercebido, desguardado e fraco, uma rachadura oblíqua na encosta de pedra,
uma única chance em mil de um ataque noturno realizado por hábeis escaladores,
era tudo o que foi preciso para causar uma ruptura na arrogância dos
presunçosos
cidadãos dessa orgulhosa capital. O monte sobre o qual Sardes era erigida
tornou-se muito pequeno para uma cidade crescente. Assim, a Sardes antiga, a acrópole, começou a ficar deserta e uma
nova cidade surgiu nas vizinhanças. Quando o Apocalipse foi escrito, Sardes
estava enfrentando a decadência, uma morte lenta, mas certa.[1]
No ano 17 A .D.
a cidade foi parcialmente destruída por um terremoto. Dessa forma, diversas
vezes os independentes e jactanciosos habitantes de Sardes viram a destruição
chegar "como o ladrão de noite", de modo súbito e inesperado.
Sardes
estava naufragando num estupor espiritual. Isso explica a auto-designação de
Cristo: "Aquele que tem os sete -viventes- espíritos". Ele tem,
também, em sua mão direita as sete estrelas. Por meio dos ministros da Palavra
e sua mensagem, os espíritos viventes são capazes de reviver uma
Igreja morta.
"Conheço
as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto." Sardes gozava de boa reputação, mas não merecia essa reputação. Onde em
Pérgamo e Tiatira um pequeno grupo da congregação havia caído na tentação do
mundo, em Sardes a congregação toda havia "contaminado as suas
vestiduras". Sardes também estava no mundo. Deveria ter sido um candeeiro. Mas
falhou no cumprimento do seu dever. Nem os judeus nem os
gentios
parecem ter atribulado o povo de Sardes. Sardes era uma Igreja
"pacífica". Gozava paz, mas a paz de um cemitério! Cristo diz a esses
membros de Igreja mortos que devem despertar e manterem-se acordados, e
fortalecer o resto que estava à beira da morte. A luz no candeeiro está ficando
cada vez mais fraca. Breve a pequena chama estará completamente apagada.
"...Não
tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus." As formas
estavam ali, as cerimônias, os costumes religiosos, as tradições, os cultos;
mas faltava a essência real. As formas estavam vazias. Eles não estavam
plenamente cheios com a essência. Fé, esperança e amor, genuínos e sinceros,
estavam em falta. A realidade se fora. À vista dos homens, Sardes pode ser
vista como uma Igreja esplêndida. "Diante de Deus", porém, era uma
Igreja morta. Por isso o povo de Sardes deveria lembrar seu passado. Haviam
recebido o evangelho com ardor e sinceridade; que voltassem a uma vida de
obediência ao evangelho da maneira como lhes foi pregado e do modo como seus
pais o haviam recebido.[2]
"Porquanto,
se não vigiares, virei como um ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora
virei contra ti" (ver Mt 24.43). Sardes certamente sabia o que isso
significava.
"Tens,
contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas
vestiduras,
e andarão de branco junto comigo, pois são dignas." "Umas poucas
pessoas" - essas pessoas eram conhecidas nominalmente pelo Pai no céu.
Eram conhecidas individualmente, cada uma separadamente. Deus sabia exatamente
quem e o que eram. Ele conhece os que são seus. Eles eram como luz brilhando no
meio das trevas do mundo. Esses poucos, que aqui guardaram imaculadas as
vestes da graça, iriam logo ser revestidos das brancas vestes da glória. Branco
indica santidade, pureza, perfeição e festa
(Is 61.10;
Ap 19.8).
Quando os
cidadãos terrenos morrem, seus nomes são apagados dos livros; os nomes dos
vencedores espirituais jamais serão apagados; sua vida gloriosa perdurará. O
próprio Cristo publicamente os reconheceria como seus . Ele faria isso diante
do Pai e diante dos seus anjos (cf. Mt 10.32; Lc 12.8,9).
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