terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A CARTA À IGREJA DE SARDES - Ap 3.1-6


FONTE:  Mais Que Vencedores - William Hendriksen

Sardes, a inconquistável, estava situada sobre um mon­te quase inacessível, mirando o vale Herma, e, nos tempos antigos, a suntuosa capital da Lídia. Seu povo era arrogante, confiante em si mesmo. Eles estavam certos - muito certos, até! - de que ninguém poderia escalar aquele monte com suas encostas perpendiculares. Havia um único ponto de acesso: um estreito corredor na direção do sul que poderia ser facilmente fortificado. Mas o inimigo veio, em 549 A.C. e de novo em 218 A.C. e... tomou Sardes. Um ponto despercebido, desguardado e fraco, uma rachadura oblíqua na encosta de pedra, uma única chance em mil de um ataque noturno realizado por hábeis escaladores, era tudo o que foi preciso para causar uma ruptura na arrogância dos presunçosos cidadãos dessa orgulhosa capi­tal. O monte sobre o qual Sardes era erigida tornou-se muito pequeno para uma cidade crescente. Assim, a Sardes antiga, a acrópole, começou a ficar deserta e uma nova cidade surgiu nas vizinhanças. Quando o Apocalipse foi escrito, Sardes estava en­frentando a decadência, uma morte lenta, mas certa.[1] No ano 17 A.D. a cidade foi parcialmente destruída por um terremoto. Dessa forma, diversas vezes os independentes e jactanciosos habitantes de Sardes viram a destruição chegar "como o ladrão de noite", de modo súbito e inesperado.
Sardes estava naufragando num estupor espiritual. Isso explica a auto-designação de Cristo: "Aquele que tem os sete -viventes- espíritos". Ele tem, também, em sua mão direita as sete estrelas. Por meio dos ministros da Palavra e sua mensa­gem, os espíritos viventes são capazes de reviver uma Igreja morta.
"Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e es­tás morto." Sardes gozava de boa reputação, mas não merecia essa reputação. Onde em Pérgamo e Tiatira um pequeno grupo da congregação havia caído na tentação do mundo, em Sardes a congregação toda havia "contaminado as suas vestiduras". Sardes também estava no mundo. Deveria ter sido um can­deeiro. Mas falhou no cumprimento do seu dever. Nem os ju­deus nem os gentios parecem ter atribulado o povo de Sardes. Sardes era uma Igreja "pacífica". Gozava paz, mas a paz de um cemitério! Cristo diz a esses membros de Igreja mortos que de­vem despertar e manterem-se acordados, e fortalecer o resto que estava à beira da morte. A luz no candeeiro está ficando cada vez mais fraca. Breve a pequena chama estará completa­mente apagada.
"...Não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus." As formas estavam ali, as cerimônias, os costumes religiosos, as tradições, os cultos; mas faltava a essência real. As formas estavam vazias. Eles não estavam plenamente cheios com a essência. Fé, esperança e amor, genuínos e sinceros, esta­vam em falta. A realidade se fora. À vista dos homens, Sardes pode ser vista como uma Igreja esplêndida. "Diante de Deus", porém, era uma Igreja morta. Por isso o povo de Sardes deveria lembrar seu passado. Haviam recebido o evangelho com ardor e sinceridade; que voltassem a uma vida de obediência ao evan­gelho da maneira como lhes foi pregado e do modo como seus pais o haviam recebido.[2]
"Porquanto, se não vigiares, virei como um ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti" (ver Mt 24.43). Sardes certamente sabia o que isso significava.
"Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras, e andarão de branco junto comigo, pois são dignas." "Umas poucas pessoas" - essas pessoas eram conhecidas nominalmente pelo Pai no céu. Eram conhecidas individualmente, cada uma separadamente. Deus sa­bia exatamente quem e o que eram. Ele conhece os que são seus. Eles eram como luz brilhando no meio das trevas do mun­do. Esses poucos, que aqui guardaram imaculadas as vestes da graça, iriam logo ser revestidos das brancas vestes da glória. Branco indica santidade, pureza, perfeição e festa (Is 61.10; Ap 19.8).
Quando os cidadãos terrenos morrem, seus nomes são apagados dos livros; os nomes dos vencedores espirituais ja­mais serão apagados; sua vida gloriosa perdurará. O próprio Cristo publicamente os reconheceria como seus . Ele faria isso diante do Pai e diante dos seus anjos (cf. Mt 10.32; Lc 12.8,9).


H.lbid., pp. 354-368.
[2]Cf. especialmente a carta a Éfeso, pp. 89s.

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