quarta-feira, 30 de junho de 2010

SENDO TRANSFORMADO

Teólogo Heber Mello.

“Todo Homem deseja mudanças, porém resiste a estas mudanças com a mesma intensidade que as deseja”.
Hieráclito

“O Homem que está crucificado tem os olhos voltados para uma só direção… Ele não pode olhar para trás. O homem crucificado está olhando apenas uma direção, que é a direção de Deus, de Cristo e do Espírito Santo… O homem na cruz não tem mais planos para si… Mas alguém fez planos para ele, e quando eles o pregaram naquela cruz, todos os seus planos desapareceram. Quando você se dispõe a morrer na cruz, você diz ‘adeus’; você não vai voltar!”
A. W. Tozer


TEXTO BASE: João 4: 1- 30 e 39-42.

Conhecer a Deus é algo que todos desejam, porém, quando nos referimos a conhecer a Deus dentro do cristianismo, estamos apontando para um conhecer que ultrapassa a simples religião.

A “palavra” que traduz essa grandeza é transformação; ou seja, conhecer a Deus é experimentar na prática uma transformação que se torna visível em nossas ações, é grifar a marca de Deus em nós - um sinal visível de algo que é invisível. Em outras palavras, o lado prático da salvação por meio da graça.

A Bíblia fala sobre transformação e nos mostra como essa nova vida foi produzida em pessoas comuns que marcaram sua época e história.

Mas será que hoje nós precisamos de transformação?

As opiniões são diversas: uns acham que precisam; outros dizem que precisam, mas não sabem como e nem por onde começar; outros mais convictos, afirmam que dizem estar bem e não precisam de transformação.

Uma forma bem clara de perceber essa última opinião é fazermos uma pergunta: quando entramos em um culto, qual é a nossa motivação? Será que entramos com uma posição humilde percebendo que estamos em um processo de cura, que necessitamos de mudanças diárias, ou entramos para assistir um culto sem nem perceber que precisamos de transformação?

Talvez a resposta possa nos surpreender.

O fato é que todos necessitam de uma transformação diária. A palavra que fala sobre salvação traduz a idéia de mudança radical de rumo, uma mudança diária onde somos transformados de glória e glória pela ação do Espírito Santo. Porém, a transformação inicia-se com o reconhecer nossas necessidades.

O texto referência desta mensagem, muitas vezes, é usado para trabalhar o tema adoração, mas nessa mensagem, quero abordar um outro aspecto; isto é, o projeto de transformação que Deus anseia para nossas vidas e o nosso papel nesse processo.

Vemos perceber o que acontece dentro desse processo de Deus

DEVEMOS ENTENDER QUE DEUS DESEJA NOS TRANSFORMAR MUITO MAIS DO QUE DESEJAMOS SER TRANSFORMADOS

O que precisamos perceber?

1. PERCEBER AS OPORTUNIDADES. v. 4 a 7
“E era necessário atravessar a província de Samaria. Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José. E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água.”.

Olhando a historia do Evangelho, conseguimos visualizar a ação divina em gerar oportunidades, porém necessitamos de perceber esses momentos que Deus prepara. Deus trabalha movendo o céu a terra, através de circunstâncias que, muitas vezes, consideramos comuns em nosso dia a dia, a cada segundo o Senhor articula formas de oferecer oportunidades por meio do amor.

Sem dúvida Jesus promove oportunidades de transformação e nesse texto estava oferecendo essa oportunidade. Note que o autor destaca a ideia de que era necessário passar por Samaria, e porque essa ênfase? Vamos analisar alguns fatos que respondem a essa pergunta.

Ao estudar um pouco da história dos samaritanos e judeus, percebemos que apesar deste caminho ser o percurso mais curto de Judéia à Galileia não era uma rota usual. Seria muito difícil ou talvez impossível que um judeu utilizasse este caminho pelo fato de que os samaritanos eram tratados com profundo desprezo.

Samaria era povoada por habitantes mestiços, descendentes de algumas tribos que passaram pelos 70 anos de cativeiro na Babilônia, tinham sua base religiosa no Pentateuco e a adoração ao Senhor misturado com práticas de deuses pagãos, por haver em sua cultura uma miscigenação racial e religiosa. Assim, além de serem abominados pelos judeus, os judeus não passavam pela terra dos samaritanos.

Mas o autor diz que era necessário passar por Samaria. Isso não apenas por uma questão de pegar um atalho mais perto, mas, também, por uma revelação da onisciência de Deus em proporcionar um encontro com aquela mulher.

Fica bem evidente quando autor destaca a hora desse encontro. Por volta da hora sexta, significando por volta do meio dia, uma hora em que ninguém ia ao poço buscar água. Era comum que isso fosse feito pela manhã, quando o sol não estivesse tão quente.

Jesus sabia que aquela mulher estaria ali naquela hora por ser a única hora que ela poderia estar ali, sem que ninguém a visse, pois esta mulher trazia uma letra escarlate em sua testa que denunciava seu pecado.

Não houve coincidências e sim uma maravilhosa ação de Deus para gerar uma oportunidade que mudaria a vida daquela mulher. Jesus é capaz de fazer o que você não imagina para gerar uma oportunidade na sua vida. Por isso precisamos estar atentos à essas oportunidades que Deus nos proporciona.


2. PERCEBER NOSSAS BARREIRAS. Vs. 11 e 12
“Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?”

Quantas vezes buscamos uma transformação em nossa história, porém com a mesma intensidade que desejamos, criamos barreiras para a transformação.

A palavra-chave para essa ideia é permitir. Note quantos obstáculos a mulher colocou: o Senhor não tem balde, o poço é fundo, o Senhor não é maior que o nosso pai Jacó - em tão pouco tempo muitos obstáculos surgiram.

Interessante perceber que na maioria dos aconselhamentos pastorais, as mesmas pessoas que estão buscando e precisando de ajuda são as mesmas que justificam todas as suas ações, projetando a culpa nos outros, na igreja, na instituição e em pequenas coisas que são irrelevantes para o real problema.

Só podemos experimentar uma verdadeira transformação de Deus quando nos desarmamos e tiramos os obstáculos que nós mesmos construímos. Um grande ensinamento desse processo é que para construir é necessário destruir.

Imagine um copo cheio de água e você queira colocar mais água neste copo. Para que isso aconteça sem derramar é necessário que se tire a água antiga. Em nossa vida, isso também é verdade.

Se você quer o novo, é necessário esvaziar seu copo - tirar os velhos conceitos ou pré-conceitos, permitir novas perspectivas, deixar ser mudado não conforme o nosso modelo, mas de acordo com o modelo divino pra nós.

Que fique bem claro que vivenciar o evangelho de Cristo é aprender que minha opinião, agora, passa pela opinião divina, que deve estar no controle sempre.

Tire os obstáculos e se permita receber a transformação que Deus está lhe proporcionando.


3. PERCEBER A VERDADEIRA NECESSIDADE. Vs. 15 a 20.
“Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la. Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá. A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido; Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar”

Verdadeira necessidade. Aqui chegamos em um ponto onde percebemos a natureza humana em evidência. Olhe a sequência das ideias: “Da-me dessa agua para que não tenha mais sede” (Necessidade); “Chama teu marido” (Processo de cura); “Não tenho marido” (Problema); “Teve cinco e o que agora tem não teu marido” (Confronto); “Como se deve adorar?” (FUGA).

Esse diálogo revela o que muitas vezes acontece em nosso realcionamento com Deus, quando Jesus começa a confrontar o pecado da mulher, ELE tem a ideia de gerar cura no real problema dela, que era a falta de amor que se apresentava na carência efetiva. Mas ao invés de passar pelo porcesso e ter a cura dessa carência, ela foge para uma discusão teológica.

Nós somos exatamente assim. Temos nossos problemas, mas preferimos levantar outras questões para não reconhecer nossas faltas. Somente quando passamos por uma real experiência com Deus conseguimos nos livrar desse hábito humano.

Percebemos essa realidade na vida do prefeta Isaías. Se lermos o livro de Isaías até o capítulo 5, vamos perceber o profeta falando dos erros dos outros, do pecado e da fé distorcida, mas no capitulo 6, quando ele diz que viu o Senhor assentado em um alto e subline trono, onde ele tem um encontro sobrenatural com Deus, sua declaração é: “Ai de mim!”, agora não é mais as falhas dos outros que ele ressalta, mas sua falha e aí, então, se transforma o ministerio do profeta Isaías.

Em nossa vida precisamos perceber as verdadeiras necessidades, parar de se apegar a detalhes e buscar aquilo que realmete interessa para vivenciar o evangelho que nos transforma e muda realidades.


CONCLUSÃO:

Testificamos um tempo na história Cristã em que o evangelho está deteriorado, onde perdemos a referência do cristianismo como um prática séria e transformadora. Perdeu-se diante de tantos escândalos e maus exemplos daqueles que professam tal Evangelho.

Poderíamos diante disso apontar diversas causas dessa situação, poderíamos criticar os que estão fazendo isso. Mas quero te convidar a perceber que nós mesmos somos parte desse Evangelho e nos tornamos responsáveis por isso. Assim, ao invés de apontarmos culpados, vamos ver o quê, como cristãos, podemos fazer diferente, vamos começar por aí, de mim.

A transformação da realidade que testeficamos começa com a transformação em nós, é o fluir das águas tranformadoras de Deus através de nossas vidas, quando de fato percebemos Deus nos dando oportunidades de mudança e nos permitimos a essa mudança.

Quando podemos dizer que somos cristãos que amamos ao Senhor, fomos alcançados e por sua graça e vivenciamos a transformação que este evangelho é capaz de realizar.

A transformação de Deus começa em mim, começa em você e é escancarada em nosso tempo.

Deus está promovendo uma oportunidade de transformação na sua vida.

Deus promoveu essa oportunidade para Abraão no Monte Moriá, onde supriu o cordeiro quando estava sendo testado na sua fé em relação ao seu filho Isaque;

Ele promoveu um lugar chamado Peniel para mudar a vida de Jacó;

Ele promoveu a prisão do Egito para que José fosse formado em um grande líder que iria abençoar toda uma nação;

Ele promoveu um gigante chamado Golias para levantar um rei chamado Davi;

Ele promoveu “Isaias 6” para mudar o ministério do profeta Isaias;

Ele promoveu um poço para transformar a mulher samaritana;

Ele promoveu uma tempestade para levantar o ministério Lutero um dos grandes reformadores da igreja protestante;

Ele promoveu os índios norte-americanos para expandir o ministério de Jonh Wesley, um dos grandes evangelistas da história;

Ele promoveu uma visita estudantil na casa de Jonh Wesley, algum tempo depois de sua morte, para levantar Billy Graham, um grande evangelista de nossos dias;

Ele está promovendo essa hora para você

Será que você consegue PERCEBER o que Deus esta fazendo hoje?

Deixe Deus trabalhar em sua vida e através dela para refletir sua glória na terra e transformar aqueles que estão ao seu redor, assim como o final do texto, quando vemos o poder transformador alcançando muitos de samaria.

“E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito.Indo, pois, ter com ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias.E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra.E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo“ João 4: 39 e 42

Através da transformação de uma mulher, muitos mais foram alcançados, e através de sua vida muitos serão alcançados. Deixe essa transformação vinda do amor de Deus, por intermédio de Cristo e pela ação do Espírito Santo, inundar seu coração.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

AS QUATRO ARMAS PAULINAS PARA COMBATER O ABANDONO E A SOLIDÃO

Seminarista Marcelo Seião
TEXTO BASE: 2 Timóteo 4.9-18:

“ 9 Procura vir ter comigo depressa. 10 Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. 11 Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério. 12 Quanto a Tíquico, mandei-o até Éfeso. 13 Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos. 14 Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras. 15 Tu, guarda-te também dele, porque resistiu fortemente às nossas palavras. 16 Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! 17 Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. 18 O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!”.

INTRODUÇÃO

Muitas coisas podem nos fazer sentir o frio da solidão: a falta de amizades, mudança de cidade, perda de emprego, um namoro rompido abruptamente, um casamento em que há ressentimento ou quando o amor dado não é correspondido, um divórcio e a perda de um ente querido.

Sem dúvida, essas situações podem desencadear não só a solidão, mas também a depressão. Aprender a lidar com mudanças e situações adversas é essencial para superar os dias maus - o sentimento de abandono, perda, solidão e depressão.

Acredito que dentro desse ramo, o apóstolo Paulo é a pessoa ideal para nos apontar um caminho, pois ele mesmo afirmou em Filipenses 4.10-13 o seguinte: [...] porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. 12 Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; 13 tudo posso naquele que me fortalece.

Assim sendo, gostaria de mostrar quatro atitudes práticas – quatro pedidos – de Paulo diante dos dias de abandono, solidão e tensão antes de ser excutado em Roma em meados do primeiro século.


PRIMEIRO PEDIDO:
(Vs 9-11) “Procura vir ter comigo depressa. 10 Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. 11 Somente Lucas está comigo”.

À luz deste trecho, podemos facilmente perceber que tanto Paulo quanto Lucas estavam ficando sós. Paulo, em particular, como bem caracterizou John Stott, vivenciava o seu Getsemani – preso pela segunda e às vésperas do martírio.

Então, em seu primeiro pedido, o apóstolo pede a Timóteo, “seu verdadeiro filho na fé”(1 Tm 1.2), que venha o quanto antes para estar com ele e enfatiza o seu pedido no verso 21, dizendo: “venha antes do inverno”.

Sem dúvida, Paulo sentia muito com a partida de companheiros fíes e sofria profundamente com o abandono de outros. Demas, por exemplo, é citado ao lado de Lucas em Colossenses 4.14 e em Filemom vs.24 e, agora, é listado como desertor.

Paulo era um homem consciente do seu chamado e sabia que precisava dar as últimas orientações, compartilhar algumas experiências, trazer consolo e exortações antes de partir. Por outro lado, Paulo também precisava de ser cosolado através do olhar de amigos e de boas-notícias, como bem nos ensina Provérbios 15.30: “O olhar de amigo alegra ao coração; as boas-novas fortalecem até os ossos”.

Aplicações Práticas:

1) Esta passagem evidencia o trabalho e o envolvimento incansável de Paulo mesmo na prisão.
Não existe uma justificativa que nos libere do labor da obra de Deus – nem mesmo a prisão. Veja o exemplo John Bunyan: em doze anos de prisão, escreveu um bestseller – O Peregrino.

2) Esta porção das Escrituras mostra a fragilidade do grande apóstolo Paulo, um homem que necessitava de companhia – de amigos.
De acordo com John Stott, “a amizade humana, contudo, é uma provisão amorosa de Deus” . Devemos sempre ter diante de nós o seguinte: “o homem nunca foi e nunca será uma ilha por mais poderoso que ele seja”; “não somos tão “espirituais” ao ponto de dizer não preciso de ninguém, pois Cristo me basta”. Desde o início não era bom que o homem vivesse só e, em seguida, Deus ordenou: “crescei e multiplicai”.

3) O verso mostra claramente que alguns amigos partem para uma missão e outros, por sua vez, abandonam a missão.
Devemos estar cientes de que amigos vem e vão por diferentes motivos – pelos certos e, também, pelos errados.

4) Diante do abandono ou da partida de amigos importantes, Paulo buscou auxílio de outros amigos.
Assim, não devemos nos isolar e chorar sozinhos, mas, sim nos lembrar de que ainda há outros amigos; peça para que eles o visitem, ligue para eles, mande e-mails e scraps no Orkut, etc... Onde estão os seus amigos de oração, de caminhada?


SEGUNDO PEDIDO:
(Vs 11b) “Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério”.

Este é sem dúvida um pedido intrigante e ao mesmo tempo confrontador! Marcos havia sido companheiro de Paulo e o desertara há alguns anos atrás. (Atos 13.13). John Stott, ao olhar para tal episódio, nos apresenta alguns possíveis motivos para a decisão de João Marcos :

a) Estaria com saudades de sua casa espaçosa em Jerusalém.

b) Estava ressentido com o fato de a sociedade Barnabé e Saulo (Atos 13.2 e 7) ter se tornado Paulo e Barnabé (Atos 13. 13 e 46), já que agora Paulo estava assumindo a liderança, deixando-o em segundo plano.

c) Talvez, Marcos não quis enfrentar a dura escalada das montanhas de Taurus, conhecidas por serem infestadas por bandidos (cf. “em perigo de salteadores”. 2 Co 11.26)?

d) Paulo estava doente e Marcos considerava imprudente sua determinação de ir em direção ao norte, passando pelas montanhas. A carta aos Gálatas nos mostra em que circunstâncias Paulo chegou às cidades do sul do planalto da Galácia: “e vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez, por causa de uma infermidade física”. (Gl 4.13).

e) Quem sabe Marcos, um membro da Igreja conservadora de Jerusalém, não concordava com a ousadia do programa de Paulo em anunciar aos gentios o Evangelho de Cristo. Teria sido ele o opositor de Atos 15.1 que provocou a oposição dos judaizantes contra Paulo?

Infelizmente ou felizmente, não sabemos o que verdadeiramente aconteceu. No entanto, mais à frente, o livro de Atos nos mostra uma cena interessantíssima: Paulo e Barnabé discordam a respeito da companhia de Marcos na segunda viagem missionária. (Atos 15.37) “queria levar também a João, chamado Marcos”, todavia Paulo (Atos 15.38) “não achava justo levarem aquele que se afastara desde a Panfília, não os acompanhando no trabalho”.

Resumo da obra: (Atos 15.39-41) “Houve entre eles tal desavença, que vieram a separar-se. Então, Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos irmãos à graça do Senhor. E passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas”.

Sabemos, contudo, que mais tarde Paulo recomenda aos membros da Igreja de Colossos que acolha Marcos, caso ele venha visitá-los. (Cl 4.10). Dessa forma, o curriculum de João Marcos enriqueciasse cada vez mais: era filho de Maria de Jesrusalém, que possuia uma casa onde cristãos se reuniam , foi companheiro de Barnabé, útil nos últimos dias de Paulo, foi companheiro de Pedro, sendo por ele chamado de “meu filho Marcos” (1Pedro 5.13), e, conforme uma tradição confiável, autor do Segundo Evangelho, escrevendo as memórias de Pedro.

Aplicação Prática:

1) Diante do abandono e partida de amigos queridos, Paulo chama para o seu convívio um amigo que um dia, também, o abandonara. Ele não se ressentiu do mal, porque houve reconciliação e perdão; o chamado e os talentos dados por Deus a Marcos eram muito mais importantes e relevantes do que sua falha passada.
Chame também aqueles que um dia você se reconciliou, não os deixe de lado com medo de se decepcionar novamente. Você verá o quanto eles te serão úteis na caminhada.

2) Apredemos com Paulo que não devemos reduzir o conceito de um amigo por causa de uma falha. Ele não eliminou Marcos de sua vida e não teve vergonha de lhe pedir ajuda.
Cuidado com quem eliminamos de nosso círculo, pois poderemos incorrer no erro de excluir alguém que poderá ser útil para nós como para muitos outros.


TERCEIRO PEDIDO:
(Vs. 13) “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo...”

A partir do o verso 21, podemos inferir que o inverno estava às portas e sabemos que quando estamos sozinhos e passando por desconfortos físicos, a solidão e o sentimento de abandono tendem a se intensificar.

Além disso, o nosso orgulho nessas horas nos propõe o seguinte: “eu nunca dependi de favores de ninguém e não vai ser agora que eu vou pedir”. Porém, o que vemos o grande apóstolo Paulo fazer é justamente o contrário, “Paulo não tinha vergonha de dar atenção às suas necessidades físicas” .

Um fato semelhante ao de Paulo aconteceu com William Tyndale, contemporâneo de Lutero e pai da Bíblia Inglesa. Durante os dezoito meses do seu encarceramento, Tyndale escreveu um dos documentos mais tristes existentes em toda a história da Igreja Protestante (tirado dos arquivos do Concílio de Brabant): uma carta escrita em Latim, pela própria mão do reformador, para o governador de Vilvorde:

Creio, cheio de legítima adoração, que não estarei despercebido do que pode ter sido determinado com respeito a mim. Daí porque peço a Vossa Senhoria, e isso pelo Senhor Jesus, que se devo permanecer aqui pelo inverno, Vossa Senhoria diga ao comissário que faça a gentileza de enviar-me, dos meus pertences que estão com ele, um boné contra o frio, visto como sinto muito frio na cabeça [...]. Também uma capa de inverno, pois a que tenho é muito fina[...].

Peço que me seja permitido ter uma lâmpada à noite. É de fato aterrador ficar sentado sozinho no escuro. Mas, antes de tudo, peço que ele gentilmente me permita ter uma Bíblia hebraica, uma gramática hebraica e um dicionário hebraico, para que eu aproveite o tempo estudando [...] .

Aplicação Prática:

1) Paulo não teve vergonha de pedir favores aos seus amigos.
Não devemos ter vergonha de pedir ajuda aos nossos amigos em relação ao nosso físico.


QUARTO PEDIDO:
“... bem como os livros, especialmente os pergaminhos”.

Diz o dito popular: “mente vazia, oficina do diabo”. Apesar de sua morte estar próxima, isso não era motivo para se entregar ao relaxamento e à acomodação. O apóstolo sabia que sua mente precisava estar ocupada, bem alimentada e nutrida constantimente.

João Calvino, há mais ou menos quinhentos anos, fez o seguinte comentário diante desta porção da Palavra de Deus: “É óbivio que, á luz deste fato, embora o apóstolo já estivesse se preparando para a morte, ele não renuncia à leitura. Onde estão aqueles que acreditam que já progrediram tanto que não mais necessitam de outros recursos e qual deles ousaria comapara-se com Paulo? Ainda mais, esta passagem refuta a demência dos fanáticos que desprezam os livros e condenam toda e qualquer leitura, bem como se gabam tão-somente de suas inspirações divinas particulares. Mas é preciso notar bem que esta passagem recomenda a todos os piedosos leitura contínua como algo do qual poderão estrair muito proveito”[grifo meu] .

Infelizmente, Paulo não diz que livros eram esses. Partes das Escrituras? Cópias de suas cartas? Escritos de algum evangelista? Anotações de sermões? Não sabemos! Contudo, conhecendo a piedade e o caráter de Paulo, com certeza não seria de todo errado afirmar que eram Escritos Sagrados ou livros que lhe falariam ao coração.

Vejamos algumas evidências:

Anteriormente, Paulo escrevera em sua primeira carta a Timóteo as seguintes palavras: “Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino.[...] Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto. [...]”.(1Timóteo 4.13-16). E ele não poderia fazer diferente: leria e meditaria na Palavra de Deus até às vesperas de sua morte, uma vez que esse era o meio mais seguro de se relacionar com Deus – seu melhor amigo.

Paulo também redigira uma carta aos Romanos, afirmando que: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”. (Romanos 10.17). Isto é, a Palavra de Deus gera fé e convicção. Tudo o que ele precisava, espiritualmente falando, estaria ali.

Outro fator importantíssimo era que Paulo tinha absoluta certeza de que as Sagradas Letras eram mensagens que poderiam ecoar em seu coração naquele exato momento através da iluminação do Espírito Santo. Ora, ele mesmo asseverara que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,...” (1 Timóteo 3.16).

Para finalizar, sabendo que sua concepção sobre quando devemos orar – “orai sem cessar.”(1Tessalonicenses 5.17) –, mais as Escrituras em suas mãos, resultaria em facilmente ouvir e compreender a vontade de Deus para aquele momento; sua oração não seria egoísta ou acusativa, mas, sim, comforme à vontade do Pai.

Jesus, o Bom Amigo, disse a verdade aos seus: “ Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito”. “ [...]. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros;...”. (João 15. 7; 20).

Paulo sabia que essa era a vontade de Deus para sua vida naquele momento, visto que fora justamente isso que Deus revelara a Ananias: “... este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome”. (Atos 9.15-16).

Aplicação Prática:

1) Paulo queria se ocupar cada vez mais e a leitura era algo de grande valor.
Para vencer a solidão e o abandono, leia mais, ocupe o seu tempo, não dê descanço a sua mente, dá-lhe trabalho e alimento. Leia as Escrituras e livros que fale ao seu coração!

2) Paulo sabia que Deus falava através de sua Palavra em qualquer tempo e situação.
Se queremos vencer o sentimento de perda, abandono e solidão, precisamos de nos relacionar mais com Deus através de sua Palavra. É a Palavra de Deus que edifica; é ela que nos exorta e nos chama a uma mudança; é na Palavra de Deus que está revelada a vontade de Deus para nós; é através dela que ouvimos a voz do Bom Pastor e Amigo Verdadeiro hoje, sob a iluminação do Espírito Santo.


CONCLUSÃO

Se queremos vencer os dias de abandono e solidão, precisamos:

1) Procurar nossos amigos; eles são provisões amorosas de Deus para nos suprir emocionalmente e afetivamente;

2) Procurar, principalemnte, entre aqueles que um dia quase excluimos de nosso convívio; através deles vemos o que poderiamos ter perdido;

3) Suprir as carências do corpo, mesmo que isso inclua pedir ajuda para um de nossos amigo;

4) Ocupar a nossa mente com a leitura da Palavra de Deus, pois é através delas que podemos entender e compreender a vontade de Deus para nós hoje. É através delas que ouvimos a voz do Bom Amigo e Pastor Jesus Cristo. É através delas que somos supridos espiritualmente.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

UMA PALAVRA SOBRE NAMORO PARA PAIS E FILHOS

TEXTO BASE: Gênesis 24.1-67.

Seminarista Marcelo Seião

INTRODUÇÃO

Ao perlustrarmos as páginas Sagradas do Antigo e do Novo Testamento, observando cuidadosamente os relacionamentos amorosos entre homens e mulheres, nos deparamos com uma dificuldade marcante: o distanciamento cultural. Tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, as pessoas não namoravam como se faz hoje; muitas vezes, os pais escolhiam a futura esposa para os seus filhos como vemos na história de Isaque e Rebeca.

É verdade que, em alguns casos, o pai dava instruções específicas para o filho e ele escolhia sua esposa, como fez Isaque com seu filho Jacó (Gn. 28. 1-5). Em contra partida, a iniciativa poderia ser tomada pelo próprio filho, sem o consentimento ou orientação dos pais, como praticou Esaú (Gn. 26.34-35; Gn. 28.6-9). O filho poderia, também, pedir para os seus pais uma esposa que lhe agradara, como no caso de Sansão (Jz.14.1-4). No entanto, essas duas últimas histórias trouxeram conseqüências lamentáveis para todos os envolvidos.

No contexto do Novo Testamento, Paulo escreve para a Igreja de Coríntios e diz: “Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na verdade, de um modo; outro, de outro. E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo. Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado”. (1Co. 7.7-9).

Dessa forma, vemos que Paulo não diz “namorem e se casem”. Mas, sim, que se você não consegue viver só, case-se, pois cada um tem de Deus o seu próprio dom: uns para casar e outros para viverem sós.

Assim sendo, como podemos falar sobre namoro, uma vez que nas Escrituras não existe esse tipo de relacionamento caracteristicamente moderno?

Para solucionar a questão, devemos ter em mente que a Palavra de Deus foi dada ao homem dentro de um contexto geográfico, político, social e lingüístico que são totalmente estranhos ao nosso.

Por essa razão, devemos primeiramente entender que as Letras Sagradas estão apresentando, e não impondo, uma cultura – um jeito de ser e viver –, mas relatando, essencialmente, o agir de Deus dentro de uma cultura diferente.

Dessa maneira, nossa proposta é destacar alguns princípios atemporais na história de Isaque e Rebeca, que podem ser facilmente aplicados em nossos dias: a Pós-Modernidade. Contexto, esse, em que os jovens são totalmente responsáveis por suas próprias escolhas.


1. A RESPONSABILIDADE DE ABRAÃO ENQUANTO PAI DO FILHO DA PROMESSA:
Gênesis. 24.1-4: “Era Abraão já idoso, bem avançado em anos; e o SENHOR em tudo o havia abençoado. Disse Abraão ao seu mais antigo servo da casa, que governava tudo o que possuía: Põe a mão por baixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo SENHOR, Deus do céu e da terra, que não tomarás esposa para meu filho das filhas dos cananeus, entre os quais habito; mas irás à minha parentela e daí tomarás esposa para Isaque, meu filho”.

Como podemos perceber, Abraão tinha consciência de que a hora de seu filho casar havia chegado. Assim como Abraão estava inteiramente antenado à necessidade afetiva do filho, os pais devem, também, estar atentos nas de seus próprios filhos.

Abraão, sendo um homem chamado por Deus, jamais poderia permitir que o filho da promessa (Gl. 4.28) tivesse uma esposa estrangeira, uma mulher que corrompesse o coração do seu filho, levando-o a cultuar outros deuses, desviando-se do Deus Vivo.

Do mesmo modo, os pais devem certificar-se de que seus filhos, que não foram gerados para o mundo, não se relacionarão com pessoas que não partilham da mesma fé. Salomão se perdeu ao se casar com mulheres estrangeiras (1Rs 11.1-13). Acabe, ao se casar com Jezabel, uma mulher estrangeira, assassina e maligna, causou a morte de muitos profetas (1Rs 16.31; 1Rs 18.3-4; Ap 2.20).

Essa verdade não deve apenas ser observada pelos pais, mas também apreciada pelos filhos. O apóstolo Paulo, inspirado por Deus, disse aos crentes de Coríntios o seguinte: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles separai-vos, diz o Senhor não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”. (2Co 6.14-18).

E mais, os filhos devem reconhecer a autoridade dos pais, uma vez que foi Abraão que tomou a atitude de casar seu filho, e só devemos pensar em namorar quando nossos pais nos derem permissão. Devemos honrar nossos pais, obedecendo-os sempre.

Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), 3 para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”. (Efésios 6.1-4).


2. A CONFIANÇA DE ABRAÃO NA SOBERANIA DE DEUS:
Gênesis 24.7: “O SENHOR, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e de minha terra natal, e que me falou, e jurou, dizendo: À tua descendência darei esta terra, ele enviará o seu anjo, que te há de preceder, e tomarás de lá esposa para meu filho”.

Abraão se apegou à promessa de Deus. Ele confiou e dependeu do Deus que conduz a história. Igualmente, os pais devem crer e depender do Senhor para que o melhor de Deus aconteça aos seus filhos.

Na outra via, os filhos devem confiar também que Deus tem sempre o melhor, quando Dele buscamos o suprimento das nossas necessidades afetivas e, especialmente, sua vontade que é boa perfeita e agradável.

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12.1-2).


3. A ORAÇÃO DO SERVO DE ABRAÃO:
Gênesis 24.12: “E disse consigo: Ó SENHOR, Deus de meu senhor Abraão, rogo-te que me acudas hoje e uses de bondade para com o meu senhor Abraão!

Como podemos notar, Abraão envia o seu servo mais antigo, provavelmente o mais fiel e experiente, para buscar para o seu filho uma esposa à altura. O que esse servo faz? Ele obedece à ordem e, diante da escolha, ora ao Deus de Abraão pedindo direção. Dessa forma, temos diante de nós outra verdade bíblica: ore para que se faça a escolha certa.

Do mesmo modo, tanto pais quanto filhos devem sempre orar. Os pais devem orar para que seus filhos encontrem a pessoa certa. Não diferentemente, os filhos devem orar para escolher a pessoa certa.


4. A PRUDÊNCIA DO SERVO DE ABRAÃO:
Gênesis 24.13-14: “Eis que estou ao pé da fonte de água, e as filhas dos homens desta cidade saem para tirar água; dá-me, pois, que a moça a quem eu disser: inclina o cântaro para que eu beba; e ela me responder: Bebe, e darei ainda de beber aos teus camelos, seja a que designaste para o teu servo Isaque; e nisso verei que usaste de bondade para com o meu senhor”.

Nessa parte, observamos o quanto o servo de Abraão era cauteloso e prudente. Orar e vigiar são princípios essenciais. Sendo ele um servo antigo da família, sabia que não haveria uma pessoa melhor do que uma mulher trabalhadora, prestativa, humilde e hospitaleira para o filho do seu senhor.

Destarte, a testificação que ele pede ao Senhor é surpreendente: que ela o sirva generosamente. Desse jeito, ele saberia que a moça seria a pessoa ideal para o seu jovem senhor.

Do mesmo modo, devemos orar e verificar se essa é a pessoa ideal. A testificação que pedimos ao Senhor deve ser do caráter e não de algo místico. Isso serve tanto para o homem quanto para a mulher.

Antes de começar a namorar uma pessoa, conheça seus hábitos, seus amigos, seus gostos e sua família, para que você se certifique de que se trata de uma boa pessoa. Isto é, se ela é cuidadosa e atenciosa; se suas conversas são agradáveis e edificantes; se há mais afinidades do que disparidades entre vocês; se vocês partilham de um mesmo sonho e visão; e, principalmente, se a pessoa é um crente de oração e comprometida com Deus.

Não cometa o mesmo erro de provar o Senhor, como o jovem congressista, que, em um congresso, entrou na sala de reuniões mais cedo e disse:
__ “Senhor, que a primeira jovem a adentrar esse recinto seja a minha escolhida”.
Então, uma jovem de aproximadamente 120 quilos, com óculos fundo de garrafa e cabelos mal penteados entrou no lugar. O jovem, todo empolgado, abriu os seus olhos e se deparou com aquela visão. Imediatamente, ele virou para o Senhor e disse:
__ “Senhor! Eu estou falando sério!”.


5. REBECA CONTA TUDO PARA A FAMÍLIA:
Gênesis 24. 28-30: “E a moça correu e contou aos da casa de sua mãe todas essas coisas. Ora, Rebeca tinha um irmão, chamado Labão; este correu ao encontro do homem junto à fonte. Pois, quando viu o pendente e as pulseiras nas mãos de sua irmã, tendo ouvido as palavras de Rebeca, sua irmã, que dizia: Assim me falou o homem, foi Labão ter com ele, o qual estava em pé junto aos camelos, junto à fonte. Então, fez entrar o homem; descarregaram-lhe os camelos e lhes deram forragem e pasto; deu-se-lhe água para lavar os pés e também aos homens que estavam com ele. Diante dele puseram comida; porém ele disse: Não comerei enquanto não expuser o propósito a que venho”.

Aqui podemos perceber a sinceridade e transparência de Rebeca. Ela não escondeu nada de sua família. Além disso, o servo de Abraão conheceu a todos e compartilhou com todos os motivos pelos quais ele ali estava. O irmão mais velho de Rebeca deu uma lição de serviço e hospitalidade.

Do mesmo modo, quando uma moça é pedida em namoro, ou um rapaz quer pedir uma moça em namoro, não faça nada escondido da família. Um namoro sério e, sobretudo, cristão leva em consideração a família. Quando um jovem ou uma jovem não se predispõem a conhecer a sua família, desconfie.


6. A FAMÍLIA DE REBECA RECONHECE QUE ISSO VINHA DE DEUS:
Gênesis 24.50-51: “Então, responderam Labão e Betuel: Isto procede do SENHOR, nada temos a dizer fora da sua verdade. Eis Rebeca na tua presença; toma-a e vai-te; seja ela a mulher do filho do teu senhor, segundo a palavra do SENHOR”.

Nessa parte das Escrituras, observamos que o Pai e o irmão mais velho de Rebeca reconhecem a mão de Deus nesse relacionamento que se iniciava. Por essa razão, mais uma vez afirmo que submissão aos pais é primordial.

Não devemos temer quando Deus dirige os nossos passos; não há família que resista a vontade do Senhor. Não seja presunçoso ou presunçosa, Deus pode falar com seus pais também.


7. REBECA E ISAQUE FORAM CHAMADOS A TOMAR UMA DECISÃO:
Gênesis 24. 54-58: “Depois, comeram, e beberam, ele e os homens que estavam com ele, e passaram a noite. De madrugada, quando se levantaram, disse o servo: Permiti que eu volte ao meu senhor. Mas o irmão e a mãe da moça disseram: Fique ela ainda conosco alguns dias, pelo menos dez; e depois irá. Ele, porém, lhes disse: Não me detenhais, pois o SENHOR me tem levado a bom termo na jornada; permiti que eu volte ao meu senhor. Disseram: Chamemos a moça e ouçamo-la pessoalmente.Chamaram, pois, a Rebeca e lhe perguntaram: Queres ir com este homem? Ela respondeu: Irei”.

Gênesis 24.66-67: “O servo contou a Isaque todas as coisas que havia feito. Isaque conduziu-a até à tenda de Sara, mãe dele, e tomou a Rebeca, e esta lhe foi por mulher. Ele a amou; assim, foi Isaque consolado depois da morte de sua mãe”.

Agora, a história toma um rumo interessante. Rebeca tem que tomar uma decisão: ir ou ficar. Mesmo sabendo que Deus estava na direção, a história é conduzida para uma decisão pessoal. Ou seja, embora fosse perceptível que Deus estava à frente de tudo, Ele não feriu a vontade de Rebeca. Ao contrário, o Senhor a levou a fazer uma escolha.

No desfecho da história, após o servo da família contar tudo o que ocorrera, Isaque tomou uma decisão, e Rebeca se tornou a matriarca da família, assumindo o lugar de Sara, mãe de Isaque.

Do mesmo modo hoje, quando um casal de namorados percebe que o namoro está sob a direção de Deus, isso quer dizer que haverá um momento de tomar uma decisão mais séria. Os namorados devem ter um alvo em comum: o casamento. Não é certo namorar para passar tempo. Namoro tem que ter propósitos firmes no Senhor.

8. ISAQUE E REBECA SE TORNAM UMA SÓ CARNE:
Gênesis 24.67: “Isaque conduziu-a até à tenda de Sara, mãe dele, e tomou a Rebeca, e esta lhe foi por mulher. Ele a amou; assim, foi Isaque consolado depois da morte de sua mãe”.

Nessa linda porção, podemos claramente ver o lugar da primeira relação sexual de um casal: dentro do casamento. O sexo é a consumação, a confirmação e o ponto inicial de um casamento que segue a orientação de Deus.

No verso 16, parte A, lemos: “A moça era mui formosa de aparência, virgem, a quem nenhum homem havia possuído;...”. Ou seja, ela não havia sido entregue a nenhum homem. Para os antigos, a relação sexual era algo puro, lindo e santo; algo que deveria ser tratado com respeito e reverência.

Esse pensamento também é encontrando no Novo Testamento: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros". (Hb 13.14).

Do mesmo modo hoje, no namoro não há espaço para o relacionamento sexual. O sexo é uma benção dada àqueles que se casam, uma vez que é o nível mais elevado de intimidade que duas pessoas podem experimentar.

O sexo não é meramente um encontro dentre dois corpos físicos que se atraem e se desejam. Ele não foi feito para suprir desejos egoístas, individualistas e déspotas. Por conseguinte, o sexo não pode ser banalizado ou tratado com desmerecimento como tomar um sorvete na esquina.

A relação sexual é um presente de Deus para o homem e para a mulher que se casam. É fundamentalmente espiritual – é o lugar onde duas almas se encontram e se fazem uma diante de Deus!


"Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne".(Gn. 2.24).


CONCLUSÃO APLICATIVA

1. Pais, vocês têm estado atentos às necessidades afetivas dos seus filhos, orando por eles? Vocês são sacerdotes no lar!

2. Pais, vocês têm ensinado aos seus filhos valores bíblicos sobre namoro e casamento cristão? Ou vocês têm deixado seus filhos “ficarem” por aí como se isso fosse aceito? Deus nos chamou para sermos santos!

3. Jovens, vocês têm orado para que Deus conduza os seus passos para dentro de um namoro abençoado? Vocês têm confiado em Deus e esperado Nele?

4. Jovens, vocês têm sido submissos aos seus pais?

5. Jovens, vocês têm sido prudentes e vigilantes nos relacionamentos? Ou vocês têm se lançado às escuras, se relacionando sentimentalmente, mas não conhecendo verdadeiramente a pessoa?

6. Jovens, por que vocês querem namorar? Para passar o tempo ou para ter um futuro compromisso mais sério?

7. Jovens, vocês têm certeza que Deus está conduzindo os seus passos?

8. Pais, vocês têm ensinado os seus filhos princípios Bíblico sobre o sexo ou vocês têm deixado que a televisão, os amigos de escola os ensinem?

9. Jovens, vocês têm respeitado a sua namorada? Qual é a sua compreensão sobre o sexo? Algo banal ou espiritual, divino e bom para os que se casam?

sábado, 5 de junho de 2010

SANTIFICAÇÃO

Seminarista Rickson Roque



Filipenses 2:12.
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor.”

INTRODUÇÃO

Muitos ao olharem para esse texto têm uma idéia de que ele está falando de salvação no sentido de vida eterna, porém, nesse contexto, “desenvolvei a vossa salvação” traz o sentido de santificação, ou seja, a reposta à salvação que foi dada por Deus, por meio da sua graça – “Pois pela graça sois salvos, mediante a fé” (Ef. 2.8).

Santificação é resposta prática ao grande amor de Deus em nossas vidas. É o convite especial de Deus a seus filhos para andarem em seu caminho. É um novo padrão de vida apresentado por Deus. Então, de que forma podemos entender esse padrão de santificação em nossa vivência cristã?

A santificação em nossa vida é:

1. UM PADRÃO DESENVOLVIDO POR MEIO DE DEUS:
“Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade,”. (2 Ts 2:13).

Deus é quem desenvolve em nossas vidas a santidade. Precisamos perceber quem somos para que a todo tempo sejamos transformados. Assim, seremos revestidos de misericórdia, bondade, humildade, mansidão e longanimidade.


2. UM PADRÃO QUE TESTIFICA O NOVO NASCIMENTO:
“E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade". (Ef 4: 24).

Nascer de novo significa: nascer para Cristo. Um padrão que sela em nossas vidas as marcas da cruz. Por isso é que os pecados do mundo são anulados em Cristo e, então, temos a vida eterna.

3. UM PADRÃO QUE NOS TORNA SERVOS DE DEUS:
“Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna”. (Rm 6:22).

Somos, agora, chamados para trabalhar em prol do Reino de Deus. Somos chamados a testificar e testemunhar o amor de Deus, que Ele nos tem revelado desde o princípio da criação do mundo e que se manifestou de maneira plena quando Cristo, o Filho unigênito de Deus, foi pregado na Cruz do Calvário.

Agora, na Esperança porque somos salvos, estaremos segundo Sua Palavra vivendo eternamente no paraíso com Deus para honra e glória do Seu santo nome.


CONCLUSÃO

Dessa forma, percebemos que santificação é um padrão divino que testifica verdadeiramente se somos filhos de Deus, chamados para uma nova vida. Santificação é a nossa resposta direta a Deus. Assim, em nossa vida Cristã, precisamos diligentemente buscar a vontade de Deus e a santificação.


sexta-feira, 4 de junho de 2010

O INSENSATO E A SUA INSENSATEZ À LUZ DE PROVÉRBIOS

Seminarista Marcelo Seião

INTRODUÇÃO:

O livro de Provérbios é uma espécie de guia para uma vida bem-sucedida, evidenciando o que é correto e incorreto em diferentes situações, funcionando como um tipo de comentário ampliado das Leis de Deus.

Além disso, esse livro Sagrado nos ensina como ter atitudes coerentes com a nossa fé em nosso cotidiano. Nós, como povo de Deus, temos a responsabilidade de encarar a Lei Divina como uma obrigação inevitável que exige de nós uma obediência total.

Um dos temas de Provérbios é a vida que uma pessoa insensata se propõe a viver, pois, ao perlustrarmos suas páginas inspiradas, observamos que há claramente um jogo de oposição entre os que agem nesciamente e os que vivem sabiamente. Os insensatos (ou loucos) são os que desprezam o conhecimento (Pv 1.22), expandem a sua ira (Pv 29.11), se metem em rixas (Pv 20.3) e são, por sua vez, “a tristeza para o pai e amargura para quem o deu à luz” (Pv 17:25).

Assim sendo, propomos nesse estudo as seguintes questões:

1 – O QUE PROVÉRBIOS TÊM A NOS DIZER SOBRE AS ATITUDES CORRIQUEIRAS DE UMA PESSOA INSENSATA?

1.1 - Despreza a família:
“Provérbios de Salomão. O filho sábio alegra a seu pai, mas o filho insensato é a tristeza de sua mãe”. (Pv 10.01)

“O filho sábio alegra a seu pai, mas o homem insensato despreza a sua mãe”. (Pv. 15.20).

“O filho insensato é a desgraça do pai, e um gotejar contínuo, as contenções da esposa”. (Pv 19.13).

1.2 – Difama os outros:
“O que retém o ódio é de lábios falsos, e o que difama é insensato”. (Pv. 10.18)

1.3 – Diverte-se com práticas maldosas:
“Para o insensato, praticar a maldade é divertimento; para o homem inteligente, o ser sábio”. (Pv. 10.23).

1.4 – Ira-se desenfreadamente e se sente seguro:
“O sábio é cauteloso e desvia-se do mal, mas o insensato encoleriza-se e dá-se por seguro”. (Pv. 14.16).

“O insensato expande toda a sua ira, mas o sábio afinal lha reprime”. (Pv 29:11).

“Toda sua ira” aqui é literalmente “todo o seu espírito”. Já na segunda parte, o verbo hebraico traz a ideia de acalmar a tempestade, dando a ideia de não apenas reprimir, mas também de vencer a ira.


1.5 – Dos seus lábios transbordam e se apascentam de estultícia:
“O coração sábio procura o conhecimento, mas a boca dos insensatos se apascenta de estultícia”. (Pv 15:14).

“A língua dos sábios adorna o conhecimento, mas a boca dos insensatos derrama a estultícia”. (Pv 15:2) .

“No coração do prudente, repousa a sabedoria, mas o que há no interior dos insensatos vem a lume”. (Pv 14:33).


1.6 – Não tem um alvo definido:
“A sabedoria é o alvo do inteligente, mas os olhos do insensato vagam pelas extremidades da terra”. (Pv. 17.24).

1.7 - Não tem prazer no entendimento, não possui entendimento e o seu prazer é apenas externar o seu interior:
“De que serviria o dinheiro na mão do insensato para comprar a sabedoria, visto que não tem entendimento?” (Pv 17.16).

“O insensato não tem prazer no entendimento, senão em externar o seu interior”. (Pv 18.02).

1.8 - Sua boca o leva a contendas e a destruição:
“Os lábios do insensato entram na contenda, e por açoites brada a sua boca. A boca do insensato é a sua própria destruição, e os seus lábios, um laço para a sua alma”. (Pv. 18.6-7).

1.9 – Disperdiça seus bens:
“Tesouro desejável e azeite há na casa do sábio, mas o homem insensato os desperdiça”. (Pv 21:20).

1.10 – Confia erroneamente em seu próprio coração:
“O que confia no seu próprio coração é insensato, mas o que anda em sabedoria será salvo”. (Pv 28:26).

1.11 – Não aprende com os seus próprios erros:
“Mais fundo entra a repreensão no prudente do que cem açoites no insensato”. (Pv 17:10).

“Como o cão que torna ao seu vômito, assim é o insensato que reitera a sua estultícia”. (Pv 26:11).

1.12 – Não há coerência entre o falar e o fazer na vida do insensato:
“As pernas do coxo pendem bambas; assim é o provérbio na boca dos insensatos”. (Pv 26:7).

“Como galho de espinhos na mão do bêbado, assim é o provérbio na boca dos insensatos”. (Pv 26:9).


2 - COMO DEVEMOS LIDAR COM UMA PESSOA INSENSATA DE ACORDO COM PROVÉRBIOS?

2.1 – Não seja companheiro de insensatos:
“Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau”. (Pv. 13.20).

“Foge da presença do homem insensato, porque nele não divisarás lábios de conhecimento”. (Pv 14.7).

“Melhor é encontrar-se uma ursa roubada dos filhos do que o insensato na sua estultícia”. (Pv 17.12).


2.2 – Não desperdice o seu tempo tentando ensiná-lo:
“Não fales aos ouvidos do insensato, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras”. (Pv. 23.9).

2.3 – Não leve os questionamentos do tolo a sério:
“Não respondas ao insensato segundo a sua estultícia, para que não te faças semelhante a ele. Ao insensato responde segundo a sua estultícia, para que não seja ele sábio aos seus próprios olhos”. (Pv 26.4-5). A versão NTLH diz: “Quem dá uma resposta séria a uma pergunta tola é tão tolo como quem a fez. Responda ao tolo de acordo com a tolice dele para que ele não fique pensando que é sábio”.

2.4 – Não envie mensagens através de um insensato:
“Os pés corta e o dano sofre quem manda mensagens por intermédio do insensato”. (Pv 26:6).

2.5 – Não dê honra ao insensato:
“Como o que atira pedra preciosa num montão de ruínas, assim é o que dá honra ao insensato”. (Pv 26.8).

“Como a neve no verão e como a chuva na ceifa, assim, a honra não convém ao insensato”. (Pv 26:1).

2.6 – Não empregue o insensato:
“Como um flecheiro que a todos fere, assim é o que assalaria os insensatos e os transgressores”. (Pv 26:10).


3 - O QUE PROVÉRBIOS TÊM A NOS FALAR SOBRE O FIM DA UMA PESSOA INSENSATA?

3.1 - Herdará a desonra e a infâmia:
“Os sábios herdarão honra, mas os loucos tomam sobre si a ignomínia”. (Pv. 3.35).
No orignal a palavra “insensato” aparece aqui: כסיל k ̂eciyl - tolo, estúpido, estulto, simplório, arrogante).

3.2 – Será servo do sábio:
“O que perturba a sua casa herda o vento, e o insensato é servo do sábio de coração”. (Pv. 11.29).

3.3 – Não merece uma vida cheia de prazeres:
“Ao insensato não convém a vida regalada, quanto menos ao escravo dominar os príncipes!” (Pv 19.10).

3.4 – Receberá o castigo merecido:
“Preparados estão os juízos para os escarnecedores e os açoites, para as costas dos insensatos”. (Pv 19:29).

“O açoite é para o cavalo, o freio, para o jumento, e a vara, para as costas dos insensatos”. (Pv 26:3).


CONCLUSÃO APLICATIVA:

Dentro do que estudamos, compreendemos que, essencialmente, o insensato é aquele que segue a vida confiando na sua própria força, justiça, mérito e vã sabedoria, colocando sempre à parte os preceitos eternos de Deus. (Pv 12.15; Pv 28.26). Por essa razão, precisamos nos perguntar, frente ao espelho, as seguintes questões:

1. Você tem feito tudo o que o seu coração manda? Hoje é moda justificar os próprios erros apelando para o coração. Será que ele é verdadeiramente uma fonte segura? No livro do profeta Jeremias encontra-se uma das maiores máximas do Velho Testamento sobre o coração: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17.09). Já, em Provérbios, aprendemos que o insensato é aquele que “confia no seu próprio coração” (Pv. 28.26).

2. Você é uma alegria ou uma tremenda dor de cabeça para a sua família? Qual é a visão da sua família sobre você?

3. Qual é a sua motivação ao abrir seus lábios em uma discussão? Resolver ou para criar mais problemas? Ou quem sabe você tem prazer em difamar os outros?

4. Você se considera sábio apoiando-se na sua experiência, sentimentos e impressões ou no Conhecimento - a Palavra de Deus? O Texto Sagrado ironiza os que se julgam sábios aos seus próprios olhos, afirmando que “há maior esperança para o insensato do que para tais”. (Pv 26:12).

5. Você tem aprendido com os seus próprios erros ou vive batendo cabeça?

6. Você se gloria das coisas erradas que faz? Como por exemplo: enganar os pais, os professores, os amigos, a receita federal, os líderes eclesiásticos, etc.

7. Você sabe se controlar? Como anda o domínio próprio? Ou você tem sido como um palito de fósforo – basta riscar que acende.

8. Você tem alvos bem definidos na vida? Ouvocê acorda sonhando em ser médico, toma café pensando em ser engenheiro, almoça ponderando os benefícios de ser um juiz, janta refletindo profundamente em ser jogador de futebol e vai dormir querendo ser cientista? No entanto, se você já fez uma escolha, o que você está fazendo para alcançar o seu alvo?

9. Como andam as suas finanças? Você tem gastado mais que ganha e um pouco mais, ou você tem sabido identificar o que é verdadeiramente necessidade para você e, assim, controlado os seus gastos?

Com certeza, em diversas situações, agimos, pensamos, falamos, confiamos e nos relacionamos com Deus, com os outros e conosco como insensatos. No entanto, não devemos achar que as Escrituras têm como fim último nos esmagar e nos punir. Antes, Ela visa mostrar os nossos erros, nos conduzir ao arrependimento e, principalmente, nos apontar o melhor caminho em direção a uma vida reta e mais parecida com a de Cristo.