sexta-feira, 11 de junho de 2010

UMA PALAVRA SOBRE NAMORO PARA PAIS E FILHOS

TEXTO BASE: Gênesis 24.1-67.

Seminarista Marcelo Seião

INTRODUÇÃO

Ao perlustrarmos as páginas Sagradas do Antigo e do Novo Testamento, observando cuidadosamente os relacionamentos amorosos entre homens e mulheres, nos deparamos com uma dificuldade marcante: o distanciamento cultural. Tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, as pessoas não namoravam como se faz hoje; muitas vezes, os pais escolhiam a futura esposa para os seus filhos como vemos na história de Isaque e Rebeca.

É verdade que, em alguns casos, o pai dava instruções específicas para o filho e ele escolhia sua esposa, como fez Isaque com seu filho Jacó (Gn. 28. 1-5). Em contra partida, a iniciativa poderia ser tomada pelo próprio filho, sem o consentimento ou orientação dos pais, como praticou Esaú (Gn. 26.34-35; Gn. 28.6-9). O filho poderia, também, pedir para os seus pais uma esposa que lhe agradara, como no caso de Sansão (Jz.14.1-4). No entanto, essas duas últimas histórias trouxeram conseqüências lamentáveis para todos os envolvidos.

No contexto do Novo Testamento, Paulo escreve para a Igreja de Coríntios e diz: “Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na verdade, de um modo; outro, de outro. E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo. Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado”. (1Co. 7.7-9).

Dessa forma, vemos que Paulo não diz “namorem e se casem”. Mas, sim, que se você não consegue viver só, case-se, pois cada um tem de Deus o seu próprio dom: uns para casar e outros para viverem sós.

Assim sendo, como podemos falar sobre namoro, uma vez que nas Escrituras não existe esse tipo de relacionamento caracteristicamente moderno?

Para solucionar a questão, devemos ter em mente que a Palavra de Deus foi dada ao homem dentro de um contexto geográfico, político, social e lingüístico que são totalmente estranhos ao nosso.

Por essa razão, devemos primeiramente entender que as Letras Sagradas estão apresentando, e não impondo, uma cultura – um jeito de ser e viver –, mas relatando, essencialmente, o agir de Deus dentro de uma cultura diferente.

Dessa maneira, nossa proposta é destacar alguns princípios atemporais na história de Isaque e Rebeca, que podem ser facilmente aplicados em nossos dias: a Pós-Modernidade. Contexto, esse, em que os jovens são totalmente responsáveis por suas próprias escolhas.


1. A RESPONSABILIDADE DE ABRAÃO ENQUANTO PAI DO FILHO DA PROMESSA:
Gênesis. 24.1-4: “Era Abraão já idoso, bem avançado em anos; e o SENHOR em tudo o havia abençoado. Disse Abraão ao seu mais antigo servo da casa, que governava tudo o que possuía: Põe a mão por baixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo SENHOR, Deus do céu e da terra, que não tomarás esposa para meu filho das filhas dos cananeus, entre os quais habito; mas irás à minha parentela e daí tomarás esposa para Isaque, meu filho”.

Como podemos perceber, Abraão tinha consciência de que a hora de seu filho casar havia chegado. Assim como Abraão estava inteiramente antenado à necessidade afetiva do filho, os pais devem, também, estar atentos nas de seus próprios filhos.

Abraão, sendo um homem chamado por Deus, jamais poderia permitir que o filho da promessa (Gl. 4.28) tivesse uma esposa estrangeira, uma mulher que corrompesse o coração do seu filho, levando-o a cultuar outros deuses, desviando-se do Deus Vivo.

Do mesmo modo, os pais devem certificar-se de que seus filhos, que não foram gerados para o mundo, não se relacionarão com pessoas que não partilham da mesma fé. Salomão se perdeu ao se casar com mulheres estrangeiras (1Rs 11.1-13). Acabe, ao se casar com Jezabel, uma mulher estrangeira, assassina e maligna, causou a morte de muitos profetas (1Rs 16.31; 1Rs 18.3-4; Ap 2.20).

Essa verdade não deve apenas ser observada pelos pais, mas também apreciada pelos filhos. O apóstolo Paulo, inspirado por Deus, disse aos crentes de Coríntios o seguinte: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles separai-vos, diz o Senhor não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”. (2Co 6.14-18).

E mais, os filhos devem reconhecer a autoridade dos pais, uma vez que foi Abraão que tomou a atitude de casar seu filho, e só devemos pensar em namorar quando nossos pais nos derem permissão. Devemos honrar nossos pais, obedecendo-os sempre.

Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), 3 para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”. (Efésios 6.1-4).


2. A CONFIANÇA DE ABRAÃO NA SOBERANIA DE DEUS:
Gênesis 24.7: “O SENHOR, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e de minha terra natal, e que me falou, e jurou, dizendo: À tua descendência darei esta terra, ele enviará o seu anjo, que te há de preceder, e tomarás de lá esposa para meu filho”.

Abraão se apegou à promessa de Deus. Ele confiou e dependeu do Deus que conduz a história. Igualmente, os pais devem crer e depender do Senhor para que o melhor de Deus aconteça aos seus filhos.

Na outra via, os filhos devem confiar também que Deus tem sempre o melhor, quando Dele buscamos o suprimento das nossas necessidades afetivas e, especialmente, sua vontade que é boa perfeita e agradável.

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12.1-2).


3. A ORAÇÃO DO SERVO DE ABRAÃO:
Gênesis 24.12: “E disse consigo: Ó SENHOR, Deus de meu senhor Abraão, rogo-te que me acudas hoje e uses de bondade para com o meu senhor Abraão!

Como podemos notar, Abraão envia o seu servo mais antigo, provavelmente o mais fiel e experiente, para buscar para o seu filho uma esposa à altura. O que esse servo faz? Ele obedece à ordem e, diante da escolha, ora ao Deus de Abraão pedindo direção. Dessa forma, temos diante de nós outra verdade bíblica: ore para que se faça a escolha certa.

Do mesmo modo, tanto pais quanto filhos devem sempre orar. Os pais devem orar para que seus filhos encontrem a pessoa certa. Não diferentemente, os filhos devem orar para escolher a pessoa certa.


4. A PRUDÊNCIA DO SERVO DE ABRAÃO:
Gênesis 24.13-14: “Eis que estou ao pé da fonte de água, e as filhas dos homens desta cidade saem para tirar água; dá-me, pois, que a moça a quem eu disser: inclina o cântaro para que eu beba; e ela me responder: Bebe, e darei ainda de beber aos teus camelos, seja a que designaste para o teu servo Isaque; e nisso verei que usaste de bondade para com o meu senhor”.

Nessa parte, observamos o quanto o servo de Abraão era cauteloso e prudente. Orar e vigiar são princípios essenciais. Sendo ele um servo antigo da família, sabia que não haveria uma pessoa melhor do que uma mulher trabalhadora, prestativa, humilde e hospitaleira para o filho do seu senhor.

Destarte, a testificação que ele pede ao Senhor é surpreendente: que ela o sirva generosamente. Desse jeito, ele saberia que a moça seria a pessoa ideal para o seu jovem senhor.

Do mesmo modo, devemos orar e verificar se essa é a pessoa ideal. A testificação que pedimos ao Senhor deve ser do caráter e não de algo místico. Isso serve tanto para o homem quanto para a mulher.

Antes de começar a namorar uma pessoa, conheça seus hábitos, seus amigos, seus gostos e sua família, para que você se certifique de que se trata de uma boa pessoa. Isto é, se ela é cuidadosa e atenciosa; se suas conversas são agradáveis e edificantes; se há mais afinidades do que disparidades entre vocês; se vocês partilham de um mesmo sonho e visão; e, principalmente, se a pessoa é um crente de oração e comprometida com Deus.

Não cometa o mesmo erro de provar o Senhor, como o jovem congressista, que, em um congresso, entrou na sala de reuniões mais cedo e disse:
__ “Senhor, que a primeira jovem a adentrar esse recinto seja a minha escolhida”.
Então, uma jovem de aproximadamente 120 quilos, com óculos fundo de garrafa e cabelos mal penteados entrou no lugar. O jovem, todo empolgado, abriu os seus olhos e se deparou com aquela visão. Imediatamente, ele virou para o Senhor e disse:
__ “Senhor! Eu estou falando sério!”.


5. REBECA CONTA TUDO PARA A FAMÍLIA:
Gênesis 24. 28-30: “E a moça correu e contou aos da casa de sua mãe todas essas coisas. Ora, Rebeca tinha um irmão, chamado Labão; este correu ao encontro do homem junto à fonte. Pois, quando viu o pendente e as pulseiras nas mãos de sua irmã, tendo ouvido as palavras de Rebeca, sua irmã, que dizia: Assim me falou o homem, foi Labão ter com ele, o qual estava em pé junto aos camelos, junto à fonte. Então, fez entrar o homem; descarregaram-lhe os camelos e lhes deram forragem e pasto; deu-se-lhe água para lavar os pés e também aos homens que estavam com ele. Diante dele puseram comida; porém ele disse: Não comerei enquanto não expuser o propósito a que venho”.

Aqui podemos perceber a sinceridade e transparência de Rebeca. Ela não escondeu nada de sua família. Além disso, o servo de Abraão conheceu a todos e compartilhou com todos os motivos pelos quais ele ali estava. O irmão mais velho de Rebeca deu uma lição de serviço e hospitalidade.

Do mesmo modo, quando uma moça é pedida em namoro, ou um rapaz quer pedir uma moça em namoro, não faça nada escondido da família. Um namoro sério e, sobretudo, cristão leva em consideração a família. Quando um jovem ou uma jovem não se predispõem a conhecer a sua família, desconfie.


6. A FAMÍLIA DE REBECA RECONHECE QUE ISSO VINHA DE DEUS:
Gênesis 24.50-51: “Então, responderam Labão e Betuel: Isto procede do SENHOR, nada temos a dizer fora da sua verdade. Eis Rebeca na tua presença; toma-a e vai-te; seja ela a mulher do filho do teu senhor, segundo a palavra do SENHOR”.

Nessa parte das Escrituras, observamos que o Pai e o irmão mais velho de Rebeca reconhecem a mão de Deus nesse relacionamento que se iniciava. Por essa razão, mais uma vez afirmo que submissão aos pais é primordial.

Não devemos temer quando Deus dirige os nossos passos; não há família que resista a vontade do Senhor. Não seja presunçoso ou presunçosa, Deus pode falar com seus pais também.


7. REBECA E ISAQUE FORAM CHAMADOS A TOMAR UMA DECISÃO:
Gênesis 24. 54-58: “Depois, comeram, e beberam, ele e os homens que estavam com ele, e passaram a noite. De madrugada, quando se levantaram, disse o servo: Permiti que eu volte ao meu senhor. Mas o irmão e a mãe da moça disseram: Fique ela ainda conosco alguns dias, pelo menos dez; e depois irá. Ele, porém, lhes disse: Não me detenhais, pois o SENHOR me tem levado a bom termo na jornada; permiti que eu volte ao meu senhor. Disseram: Chamemos a moça e ouçamo-la pessoalmente.Chamaram, pois, a Rebeca e lhe perguntaram: Queres ir com este homem? Ela respondeu: Irei”.

Gênesis 24.66-67: “O servo contou a Isaque todas as coisas que havia feito. Isaque conduziu-a até à tenda de Sara, mãe dele, e tomou a Rebeca, e esta lhe foi por mulher. Ele a amou; assim, foi Isaque consolado depois da morte de sua mãe”.

Agora, a história toma um rumo interessante. Rebeca tem que tomar uma decisão: ir ou ficar. Mesmo sabendo que Deus estava na direção, a história é conduzida para uma decisão pessoal. Ou seja, embora fosse perceptível que Deus estava à frente de tudo, Ele não feriu a vontade de Rebeca. Ao contrário, o Senhor a levou a fazer uma escolha.

No desfecho da história, após o servo da família contar tudo o que ocorrera, Isaque tomou uma decisão, e Rebeca se tornou a matriarca da família, assumindo o lugar de Sara, mãe de Isaque.

Do mesmo modo hoje, quando um casal de namorados percebe que o namoro está sob a direção de Deus, isso quer dizer que haverá um momento de tomar uma decisão mais séria. Os namorados devem ter um alvo em comum: o casamento. Não é certo namorar para passar tempo. Namoro tem que ter propósitos firmes no Senhor.

8. ISAQUE E REBECA SE TORNAM UMA SÓ CARNE:
Gênesis 24.67: “Isaque conduziu-a até à tenda de Sara, mãe dele, e tomou a Rebeca, e esta lhe foi por mulher. Ele a amou; assim, foi Isaque consolado depois da morte de sua mãe”.

Nessa linda porção, podemos claramente ver o lugar da primeira relação sexual de um casal: dentro do casamento. O sexo é a consumação, a confirmação e o ponto inicial de um casamento que segue a orientação de Deus.

No verso 16, parte A, lemos: “A moça era mui formosa de aparência, virgem, a quem nenhum homem havia possuído;...”. Ou seja, ela não havia sido entregue a nenhum homem. Para os antigos, a relação sexual era algo puro, lindo e santo; algo que deveria ser tratado com respeito e reverência.

Esse pensamento também é encontrando no Novo Testamento: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros". (Hb 13.14).

Do mesmo modo hoje, no namoro não há espaço para o relacionamento sexual. O sexo é uma benção dada àqueles que se casam, uma vez que é o nível mais elevado de intimidade que duas pessoas podem experimentar.

O sexo não é meramente um encontro dentre dois corpos físicos que se atraem e se desejam. Ele não foi feito para suprir desejos egoístas, individualistas e déspotas. Por conseguinte, o sexo não pode ser banalizado ou tratado com desmerecimento como tomar um sorvete na esquina.

A relação sexual é um presente de Deus para o homem e para a mulher que se casam. É fundamentalmente espiritual – é o lugar onde duas almas se encontram e se fazem uma diante de Deus!


"Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne".(Gn. 2.24).


CONCLUSÃO APLICATIVA

1. Pais, vocês têm estado atentos às necessidades afetivas dos seus filhos, orando por eles? Vocês são sacerdotes no lar!

2. Pais, vocês têm ensinado aos seus filhos valores bíblicos sobre namoro e casamento cristão? Ou vocês têm deixado seus filhos “ficarem” por aí como se isso fosse aceito? Deus nos chamou para sermos santos!

3. Jovens, vocês têm orado para que Deus conduza os seus passos para dentro de um namoro abençoado? Vocês têm confiado em Deus e esperado Nele?

4. Jovens, vocês têm sido submissos aos seus pais?

5. Jovens, vocês têm sido prudentes e vigilantes nos relacionamentos? Ou vocês têm se lançado às escuras, se relacionando sentimentalmente, mas não conhecendo verdadeiramente a pessoa?

6. Jovens, por que vocês querem namorar? Para passar o tempo ou para ter um futuro compromisso mais sério?

7. Jovens, vocês têm certeza que Deus está conduzindo os seus passos?

8. Pais, vocês têm ensinado os seus filhos princípios Bíblico sobre o sexo ou vocês têm deixado que a televisão, os amigos de escola os ensinem?

9. Jovens, vocês têm respeitado a sua namorada? Qual é a sua compreensão sobre o sexo? Algo banal ou espiritual, divino e bom para os que se casam?

3 comentários:

  1. Até tentei me segurar para não ficar comentando tudo o que leio, mas...
    confesso que ler esse material de estudo, me remete diretamente a um sorriso enorme nos lábios de Deus. Sei que há vida nessas palavras e de uma forma ou de outra, ainda existem homens e mulheres anunciando tais verdades - refiro-me assim por causa do perfil da nossa sociedade contemporânea de valores frágeis e que afetam diretamente a igreja também.

    Admiro a clareza bíblica. Me satisfaz ter contato com esses princípios pertencentes a todas as gerações; eternos, imutáveis e ainda assim aplicáveis.

    Relacionamentos são grandes faculdades da vida e nada melhor do que ter apontamentos coesos que nos acrescentam vida e principalmente, nos aproximam de Deus. Não preciso acrescentar o que já está claro no texto.

    Marcelo, obrigado por tal generosidade ao escrever, pois conhecer pessoas como você, me deixam honrado e entusiasmado para continuar; é como saber que na equipe de trabalho que faço parte, tenho as melhores pessoas distribuídas nas diversas tarefas que temos como igreja, o que de fato é assim. Você me reflete Deus, não por enxergar perfeição em você, mas por ser notória a direção em que está andando e me identifico com ela.

    Um forte abraço do amigo que um dia teve o privilégio de cruzar na sua história...

    Rick Gois

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  2. Show!!!!Poucas palavras, muitos significados!!!

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  3. Eh, como aprendi em um acampamento...
    "...sem oração soh vem canhão..."...
    rs

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