Rev. Olivar Alves Pereira
TEXTO BASE: 2 Timóteo 4.1-18.
INTRODUÇÃO
O que seria uma vida que vale a pena ser vivida? Meditemos sobre isso hoje: uma vida que vale a pena.
Para a nossa época, uma vida que vale a pena é aquela em que nós não abrimos mão dos nossos ideais, dos nossos sonhos. Mas, isso é um conceito perigoso, pois, existem sonhos e ideais dos quais devemos abrir mão por não estarem de acordo com a vontade de Deus.
Há quem pense que uma vida que vale a pena é aquela da qual não temos nada do que arrepender, mas, isso além de ser um engano é arrogância. Quem não tem nada do que se arrepender nunca se converterá a Cristo, e, portanto, nunca será salvo.
No presente texto que lemos encontramos o que realmente significa uma vida que vale a pena ser vivida.
Entre os anos 64 a 68 d.C. Paulo se encontrava preso pela segunda vez em Roma. Dali ele não sairia mais vivo. Uma situação nem um pouco animadora e com certeza para quem quer fazer a sua vida valer a pena essa não seria uma situação apropriada. Mas, daqui extraímos algumas verdades que nos mostram que para Paulo sua vida mesmo nessas circunstâncias valeu a pena.
Uma vida que vale a pena é:
1. UMA VIDA FIRME NA DOUTRINA DO EVANGELHO - (Vs.1-5):
Escrevendo pela última vez ao seu filho na fé, o jovem pastor Timóteo, Paulo o exorta: “Conjuro-te (...) prega a Palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (v.1,2).
- Timóteo recebeu uma ordem (“conjuro-te”) de Paulo, a qual Paulo recebera do próprio Senhor Jesus: pregar a Palavra.
- Ele tinha de ser insistente (“instar”) com as pessoas a tempo ou fora de tempo (“quer seja oportuno, quer não”).
- E a maneira era corrigindo, repreendendo, exortando (aconselhando) com toda longanimidade e ensino (doutrina).
- Paulo alerta a Timóteo de que haveria um tempo em que as pessoas não “suportarão a sã doutrina”, ou seja, o ensino correto da Palavra de Deus provocará nas pessoas um mal-estar tão grande, que elas “...cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentido coceira nos ouvidos” (v.3).
Algo interessante é que o homem está sempre em busca de algo que lhe dirija os passos. Não aceitando a sã doutrina da Palavra de Deus, eles procuram mestres bajuladores, que falam o que eles querem e gostam de ouvir (“coceiras nos ouvidos” aquele comichão gostoso no ouvido).
Tais homens se sentem “alimentados em suas almas” porque recebem um ensino “... segundo suas próprias cobiças”, ou seja, são satisfeitos no seu próprio ego. A sã doutrina para tais pessoas é insuportável, é rude, é tosca, é intragável. Preferem fábulas, lorotas.
Paulo exorta a Timóteo a não ceder em momento algum. Antes, ele deveria:
- - “ser sóbrio em todas as cousas”: ter a mente limpa para poder julgar com precisão todas as coisas;
- - “suportar as aflições”: a resistência a e oposição de tais pessoas traria sofrimentos para ele;
- - “ser zeloso para com seu ministério”: evangelizando e cumprindo cabalmente o que ele fora comissionado por Deus a fazer.
2. UMA VIDA FIRME NO PROPÓSITO DE DEUS - (Vs. 6-8):
O que Paulo exigia de Timóteo não era nem mais nem menos do que ele vivia para Cristo. Ele sabia que seu fim estava chegando; ele estava sendo “oferecido por libação”, isto é, como uma oferta líquida derramada no altar de Deus, assim era a sua vida oferecida a Deus cumprindo o propósito de Dele.
Podemos com base nesses versos dizer que Paulo tinha:
- A certeza da finalidade de sua vida (v.6): o objetivo de sua vida era ser uma oferta agradável a Deus por ter vivido em obediência e confiança total em Cristo.
- A certeza de sua fidelidade para com Deus (v.7): Ele tinha a convicção de ter feito justamente aquilo que Deus queria que ele fizesse através de sua vida.
- A certeza da fidedignidade de Deus (v.8): Deus é fidedigno, é digno de nossa total confiança. Paulo sabia que o fim de sua vida aqui estava chegando, mas, em pouco tempo ele estaria adentrando os portões celestiais, e lá na Glória Eterna ele receberia das mãos do próprio Senhor Jesus a coroa da justiça.
O propósito de Deus para nós é que vivamos com Ele tanto nesta vida como na eternidade. Quem vive assim, nunca perde o rumo, o foco; sabe onde está e com quem está, e para onde vai e com quem estará por toda a eternidade.
Ao falar de si mesmo, Paulo mostra a Timóteo (e a nós todos) que uma vida que realmente vale a pena é uma vida que cumpre o propósito de Deus.
Fomos salvos por Deus para Deus. Nossa vida já não mais nos pertence.Temos de viver cada dia com o desejo de sermos como uma oferta de libação derramada sobre o altar de Deus. Você consegue encontrar um propósito melhor para a sua vida?
Por fim, uma vida que vale a pena é:
3. UMA VIDA FIRME NA OBRA DO SENHOR - ( V.9-18)
Deus nos chama para o serviço. Tanto é que somos chamados de “servos de Deus”. Do contrário seríamos chamados de “servidos de Deus”, ou “mimados de Deus”, ou qualquer coisa parecida.
Ao nos salvar, Deus nos deu o privilégio de engajarmos em Sua obra. Mas precisamos ter em mente que essa obra é árdua e nela encontraremos situações difíceis, tais como as que Paulo encontrou:
- Na obra do Senhor muitas vezes estaremos sozinhos (v.10-12): Paulo relata a Timóteo que quase todos os seus companheiros já não estavam mais com ele,com exceção de Lucas. Demas, amou o presente século, ou seja, se deixou levar pelas paixões mundanas e seus enganos. Crescente foi para a Galácia e Tito para a Dalmácia, possivelmente por questões ministeriais, bem diferentes das de Demas. Tíquico foi mandado por Paulo para a Éfeso, pois a igreja de lá necessitava de sua presença. Na obra do Senhor muitas vezes estaremos sozinhos, talvez por questões geográficas (um missionário num país distante), talvez por questões doutrinárias, especialmente, quando aqueles que estão ao nosso redor querem apenas mestres que falem segundo suas próprias cobiças. Os motivos para nossa solidão podem variar. Por isso precisamos estar preparados para isso. Contudo, não podemos nos esquecer que Deus é misericordioso e sempre nos reserva amigos fiéis que não nos desamparam, como Lucas foi para Paulo, e também pode levantar outros para estarem ao nosso lado como fez com Marcos, aquele a quem Paulo não queria como companheiro pois, na primeira viagem missionária ele abandonou Paulo e Barnabé (At 13.13). Deus mostrou para Paulo que Marcos era “útil para o ministério” mesmo depois de ter falhado com ele.
- Na obra do Senhor muitas vezes ficaremos debilitados mesmo assim, teremos algo que fazer (v.13): ali, naquela prisão fria, Paulo estava debilitado. O peso da idade, as feridas dos açoites, a saúde fragilizada, e o frio da cadeia o debilitavam. Para muitos, tal situação era o fim. Mas, Paulo, sabia que o seu fim estava próximo, mas, ainda não havia chegado. Enquanto isso, ele poderia e deveria produzir. Pensando assim, ele pediu a Timóteo que lhe trouxesse os livros e, especialmente, os pergaminhos. Com certeza ainda precisava escrever muitas coisas. Enquanto o fim não chegava, ele nãofinalizou a sua vida. Muitas pessoas finalizam suas vidas antes do fim realmente chegar. Entregam-se ao desânimo, desistem de lutar, e o que é pior, deixam de cumprir as responsabilidades que o Senhor colocou sobre elas.
- Na obra do Senhor muitas vezes seremos prejudicados por pessoas maldosas (v.14-16): tenho visto vários líderes religiosos dizerem que estão sendo perseguidos. Perseguidos por quem? Por qual razão? As tais perseguições que essas pessoas dizem estar sofrendo são decorrentes de falcatruas, pilantragens por elas praticadas. Paulo e tantos outros servos de Deus foram perseguidos por pregarem o Evangelho. Isso é muito diferente. Paulo foi perseguido por um tal Alexandre, o latoeiro, um metalúrgico. Este homem causara muitos danos a Paulo e ao Evangelho. No entanto, Paulo não alimentava vingança contra ele. Em vez disso, o entregara nas mãos de Deus. Porém, como não bastasse esse malandro que prejudicou Paulo, ainda vemos a covardia de tantos outros que não defenderam Paulo, deixando-o à mercê da injustiça.
- Na obra do Senhor sempre, sempre somos supridos por Sua Graça (v.17-18a): Paulo testemunha do revestimento poderoso de Deus em sua vida, o qual, não era para o bel prazer de Paulo, mas para cumprir a pregação do Evangelho. Deus livrara Paulo “da boca do leão” e, por isso, Paulo tinha certeza de que Deus o livraria também “de toda obra maligna” e o levaria “a salvo para o seu reino celestial”.
CONCLUSÃO:
Do fundo de uma cadeia fria, com a saúde debilitada, abandonado por aqueles que se diziam seus companheiros, prejudicado por inimigos, alguém pode perguntar: “Que vida é essa? Tal vida vale a pena ser vivida?”. E a resposta Paulo nos dá com as seguintes palavras: “A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém”.
O que essas palavras nos mostram? Elas nos mostram que uma vida que vale a pena ser vivida é aquela que tem como alvo o Senhor da Glória e a Glória Dele!
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