quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A MULHER DE DEUS À LUZ DE PROVÉRBIOS

Seminarista Marcelo Seião
TEXTO BASE: Provérbios 31.10-31:

INTRODUÇÃO:

Em um primeiro momento, podemos pensar que este estudo é destinado somente às mulheres casadas, uma vez que Salomão traz uma reflexão sobre a aquelas que são o braço direito de seus maridos.

No entanto, propomos uma aplicação dupla com essa porção das Escrituras. Para as mulheres solteiras que desejam casar-se, perguntamos: vocês se encaixam nesse exemplo de mulher abençoada? E para os homens que buscam contrair o matrimônio, questionamos: vocês têm feito a escolha certa ou vocês têm caído nos laços da aparência? Ou seja, quais têm sido os seus critérios, as Letras sopradas pelo Espírito de Deus ou a fala doce e sedutora da sua carne e do mundo?

É importante saber que a mulher virtuosa retratada nesse bocado da Palavra de Deus evidencia recursos financeiros e empreendimentos que nem todas dispõem. Porém, podemos aplicar facilmente os princípios ali elucidados, visto que em uma simples leitura do texto observamos e concluímos que ela tem responsabilidades, seu proceder é sábio e, principalmente, o fundamento sólido de sua vida está alicerçado no temor do Senhor.

Essencialmente, ela é uma mulher de Deus – piedosa e devotada, comprometida com Deus, com sua família e com o próximo. Ou seja, usando a linguagem de Provérbios, ela é sábia, porque teme ao Senhor e faz o que é reto. Sua vida de trabalho e empreendimento, sua bondade e generosidade nada mais são do que as conseqüências que advém desse temor ao Senhor.

Vamos, então, estudar um pouco sobre as características desta mulher.

1 – QUAL É O VALOR DA MULHER VIRTUOSA?
10 Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias.

2 – POR QUE ELA É VALOROZA?

2.1 – Pode-se confiar na mulher virtuosa:
11 O coração do seu marido confia nela, e não haverá falta de ganho.

2.2 – Ela faz o bem:
12 Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida.

3 – COMO A MULHER VIRTUOSA PRATICA O BEM TODOS OS DIAS?

3.1 – Não mede esforços para suprir a família:
13 Busca lã e linho e de bom grado trabalha com as mãos.
14 É como o navio mercante: de longe traz o seu pão.
15 É ainda noite, e já se levanta, e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas servas.
21 No tocante à sua casa, não teme a neve, pois todos andam vestidos de lã escarlate.
27 Atende ao bom andamento da sua casa e não come o pão da preguiça.

3.2 – A mulher virtuosa é empreendedora:
16 Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com as rendas do seu trabalho.
17 Cinge os lombos de força e fortalece os braços.
18 Ela percebe que o seu ganho é bom; a sua lâmpada não se apaga de noite.
19 Estende as mãos ao fuso, mãos que pegam na roca.
24 Ela faz roupas de linho fino, e vende-as, e dá cintas aos mercadores.

3.3 – A mulher virtuosa é generosa:
20 Abre a mão ao aflito; e ainda a estende ao necessitado.

3.4 – A mulher virtuosa é cuidadosa consigo mesmo:

3.4.1 – Por fora:
22 Faz para si cobertas, veste-se de linho fino e de púrpura.

3.4.2 – Por Dentro:
25 A força e a dignidade são os seus vestidos, e, quanto ao dia de amanhã, não tem preocupações.

3.4.3 – E com suas palavras:
26 Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua.

3.5 – A mulher virtuosa traz prestígio para o seu marido:
23 Seu marido é estimado entre os juízes, quando se assenta com os anciãos da terra.

3.6 – A mulher virtuosa é elogiada por sua família:
28 Levantam-se seus filhos e lhe chamam ditosa; seu marido a louva, dizendo:
29 Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas.
31 Dai-lhe do fruto das suas mãos, e de público a louvarão as suas obras.

4 – CONSELHO AOS QUE BUSCAM POR UMA MULHER VIRTUOSA:
30 Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada.


CONCLUSÃO APLICATIVA

O que aprendemos com esse simples estudo é que a mulher virtuosa é confiável, generosa, altruísta e responsável. Ela é uma pessoa preocupada com a vida financeira de seu marido; ela faz bons investimentos e os não desperdiça; ela é empreendedora e, também, trabalhadora. Além disso, aprendemos em Provérbios 14.01 que “A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derriba”.

Então, surge a pergunta para os rapazes: como identificar uma “futura esposa virtuosa”? É simples! Observe bem como ela se relaciona com:

1. O dinheiro: ela está sempre endividada? Gasta tudo o que ganha e um pouco mais? Ela exige dos pais presentes que eles não podem dar? Tem mania de grandeza? Ou ela é responsável, equilibrada e econômica com o seu dinheiro? Ela é generosa? Ou seja, se necessário, ela tem prazer em ajudar os pais que estão em algum tipo de aperto?

2. A família: como ela é em casa? Irritada? Estressada? Grita? Provérbios 21.19 afirma que “Melhor é morar no canto do eirado do que junto com a mulher rixosa na mesma casa”. Ela é motivo de honra para os seus pais ou só dá dor de cabeça? Em Provérbios 11.16 somos informados de que “A mulher graciosa alcança honra, como os poderosos adquirem riqueza”.

Uma dica: veja também como ela trata os pais, pois é desse mesmo jeitinho que ela vai te tratar, ou meigo ou amargo.

3. O trabalho: ela trabalha, tem profissão, sabe o que quer da vida? Ajuda sua mãe nos afazeres de casa ou ela é a famosa sanguessuga?

Uma dica: quem não sabe ainda aonde quer chegar, a última coisa que se deve pensar é em namorar e casar!

4. Os outros: ela é generosa e bondosa com os outros? Ela é confiável? O que as pessoas falam sobre ela, coisas boas ou ruins?

5. Ela mesma: ela dá mais valor à beleza externa ou à interna? Isso não quer dizer que ela tem que ser desleixada, mas, sim, discreta e, principalmente, espiritual. Provérbios 11. 22: “Como jóia de ouro em focinho de porco, assim é a mulher formosa que não tem discrição”.

Para finalizar, meninas, vocês se encaixam nesse padrão de mulher de Deus? Meninos, vocês buscam uma mulher de caráter ou apenas um pedaço de carne? Lembrem-se do conselho de Salomão: “Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada”.

sábado, 7 de agosto de 2010

ORAÇÃO

Seminarista Patrícia Carvalho.

“Os crentes não oram com a intenção de informar a Deus a respeito das coisas que Ele desconheça, ou para incitá-lo a cumprir o seu dever, ou para apressá-lo, como se Ele fosse relutante. Pelo contrário, eles oram para que assim possam despertar-se e buscá-lo, e assim exercitem sua fé na meditação das suas promessas, e aliviem suas ansiedades, deixando-as nas mãos dele; numa palavra, oram com o fim de declarar que sua esperança e expectativa das coisas boas, para eles mesmos e para os outros, está só nEle”.
João Calvino – Calvin’s Commentaries, v.1, p. 314.

Desde pequena, aprendi com meus pais que orar é falar com Deus – conversar com o “Papai do Céu”. Conforme cresci, aprendi que orar é muito mais que apenas falar com Deus; é se relacionar com Ele de forma constante e profunda. Quando oro, conheço a Deus.

A Palavra de Deus, a Bíblia, está repleta de orações dos mais diversos temas (arrependimento, súplica, gratidão, adoração...), feitas por pessoas diferentes (Ana, Moisés, Jacó, Salomão, Neemias, os discípulos...) e em épocas distintas.

A oração que eu mais gosto de ler na Bíblia e que acho mais bonita é a oração do próprio Senhor Jesus, em João 17. Ele orou por mim e por você, antes mesmo que existíssemos. Jesus orou ao Pai para que Ele nos protegesse do mal, nos santificasse na Palavra e para que onde Ele estiver nós também estejamos.

Jesus mantinha uma comunhão com o Pai e diversas vezes podemos observar na Palavra que Ele tinha uma vida de contínua oração (Mateus 11.25-27; Mateus 26.36-46; Lucas 6.12).

“Todavia, as notícias a respeito dele se espalhavam ainda mais, de forma que multidões vinham para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças. Mas Jesus retirava-se para lugares solitários e orava.” Lucas 5.15-16.

Em Filipenses 4:6, Paulo nos orienta: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.”

Quando eu oro a Deus, tiro os olhos das circunstâncias e me concentro nAquele que é Senhor de tudo e de todos – concentro-me no Deus que tem o controle de todas as coisas em Suas poderosas mãos (Salmos 46.10).

Conforme Salmos 62.8 “Derramai o vosso coração”, posso derramar meu coração diante do Pai que a tudo vê e a todos ouve.

Incentivo você a se relacionar com o Pai, a orar a Deus, conversar, dialogar com o Senhor do Universo (2 Tessalonicenses 5.17).

Ele entende a sua dor, seus anseios e seus medos. Ele te perdoa (1João1.9), te redime, limpa, transforma, conforta, te anima, encoraja e te dá paz (Filipenses 4.7; Isaías 64.4; Salmos 37.5; Salmos 40.1; Salmos 16.7;Salmos 34.4 e 15; Salmos 57.2 e 3; Salmos 86; Mateus 6.25-34; Mateus 7.7-13; Mateus 11.28-30; Mateus 19.13-15; Marcos 11.20-26; Lucas 11. 5-8; Efésios 6.18; Colossenses 4.2).

Talvez você fique em dúvida quanto ao que deve orar. Os discípulos também ficaram em dúvida e Jesus os ajudou, ensinadno-os a orar (Mateus 6.5-15). Quando não souber o que dizer para Deus, peça ao Espírito Santo para te ajudar, pois o mesmo “intercede por nós com gemidos inexprimíveis”.

“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.” Romanos 8.26-27.

"A oração em si mesma é uma arte que somente o Espírito Santo pode nos ensinar. Ele é o doador de todas as orações. Rogue pela oração - ore até que consiga orar, ore para ser ajudado a orar e não abandone a oração porque não consegue orar, pois nos momentos em que você acha que não pode, é que realmente está fazendo as melhores orações. Às vezes, quando você não sente nenhum tipo de conforto em tuas súplicas e teu coração está quebrantado e abatido, é que realmente está lutando e prevalecendo com o Altíssimo.”
C.H. Spurgeon.

“Entretanto, Deus me tem ouvido e me tem atendido a voz da oração. Bendito seja Deus que não me rejeita a oração, nem aparta de mim a sua graça.” Salmos 66.19-20.

Oração:
“Senhor, obrigado porque o Senhor nos ouve. Podemos confiar em Ti e no Teu eterno amor.Ensina-nos a orar como convém e quando não soubermos orar,ajuda-nos a lembrarmos que o Teu Santo Espírito intercede por nós. Que o Teu poder se aperfeiçoe em nossa fraqueza!

Em nome de Jesus oramos. Amém!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O AMIGO À LUZ DE PROVÉRBIOS

Seminarista Marcelo Seião

INTRODUÇÃO

Todos nós temos alguém que chamamos de “amigo”, ou de “melhor amigo”. Temos, em algum nível, um conceito estabelecido sobre o que é uma verdadeira amizade. Há um Poema de Vinícius de Morais que diz:

“Eu poderia suportar embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos. Alguns deles eu não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me faz seguir em frente pela vida, mas é delicioso que eles saibam e sintam que eu os amo, embora não declare e nem os procure sempre”.

Em nossa cultura, também, o que não falta são ditos populares sobre a amizade:
"Amigo irado, inimigo dobrado."
"Amigo a gente escolhe, parente a gente atura."
"O amigo certo se conhece nas horas incertas."
"Um amigo na necessidade é um amigo de verdade."
"Mais vale um amigo na praça que dinheiro em caixa."
"Cem amigos é pouco, um inimigo é muito."
"Um amigo falso é um inimigo secreto."
"Dos amigos me guarde Deus, que dos inimigos me guardarei eu."
"Só se confia num amigo depois de comer com ele um quilo de sal."
"De amigo reconciliado, guarda-te dele como do diabo."
"Quem é amigo de todos, não o é de ninguém."
"No aperto e no perigo é que se conhece o amigo."
"Amigo do meu amigo é meu amigo, amigo do meu inimigo é meu inimigo e inimigo do meu inimigo é meu amigo."
"Um amigo velho é o mais fiel dos espelhos."
"Mais prejudicial é o amigo fingido que o inimigo descoberto."
"Quando o amigo não é certo, um olho fechado e outro aberto."
"Com um amigo desses, ninguém precisa de inimigo."
"Mais vale um cachorro amigo do que um amigo cachorro."
"Amigo que pede, inimigo que devolve."
"Quem avisa, amigo é."
"Conselho de amigo, aviso do céu."

Como podemos ver, muitos ditados acima são frutos de bons e maus relacionamentos entre pessoas. O livro de Provérbios, por sua vez, nos apresenta várias máximas sobre essa temática. Além disso, encontramos em toda a Escritura Sagrada relatos de grandes homens e mulheres de Deus que experimentaram boas amizades: José e seu irmão Benjamim, Calebe e Josué, Rute e Noemi, Davi e Jônatas, Isabel e Maria, Paulo e Silas, Paulo e Timóteo, Paulo e Lucas, Paulo e Epafrodito, Jesus e os três discípulos mais chegados (Pedro, João e Tiago), etc.

O Novo Testamento afirma que fomos comprados por preço (1Coríntios 6.20), purificados com água limpa (Efésios 5.26) e selados com o Espírito Santo (2Coríntios 1.22), a fim de vivermos em novidade de vida (Romanos 6.4), unidos em um só corpo cuja cabeça é Cristo (Efésios 4.15-16). Dessa forma, inexoravelmente, a maneira como nos relacionamos com os outros também será afetada drasticamente – transformada, mudada. Pois não é sem razão que os Escritos Neotestamentários falam tanto sobre como preservar a unidade do corpo no convívio mútuo. Assim sendo, vemos que esse assunto tem a sua razão de ser!

Contudo, se pensarmos que a Bíblia apenas nos mostrará algum tipo de amizade a receber, estamos enganados! Em verdade, ela nos conclama a oferecer aos outros o padrão divino de amizade. Padrão, esse, descrito e delineado pela inspiração do Santo Espírito (2Timóteo 3.16). Nessa questão, o livro da Sabedoria nos oferece muitas instruções.

Então, ao término desse estudo dentro de Provérbios e em sua ampliação no Novo Testamento, teremos que responder a seguinte pergunta: tenho sido um bom amigo?


1 – DEFINIÇÃO E USO DA PALAVRA AMIGO NO HEBRAICO:

Amigo na Língua Portuguesa significa: 1 Que tem gosto por alguma coisa; apreciador. 2 Aliado, concorde. 3 Caro, complacente, dileto, favorável. 4 Dedicado, afeiçoado. sm 1 Indivíduo unido a outro por amizade; pessoa que quer bem a outra. 2 Colega, companheiro. 3 Amador. 4 Amante, amásio. 5 Defensor, protetor. 6 Partidário, simpatizante. 7 Aliado.

No Hebraico, o termo “amigo” (רע (rea) ou ריע (reya) pode ser entendido como “vizinho”, “colega” e “companheiro”. Em um extremo, significa meramente “a outra pessoa”; no outro, representa “alguém com quem temos estreita comunhão”.

Além disso, essa palavra é utilizada para falar do “o outro ou oponente num processo jurídico” – ou numa disputa. (Pv 18:17). Em outro contexto, aquele que “ama em todo tempo” (Pv 17:17) e como “o próximo”, aquele que deve ser o alvo do nosso amor (Lv. 19.18).

O termo mais forte para amigo é אלוף (’alluwph) adjetivo que significa: 1) manso, dócil. 2) amigo, íntimo. 3) chefe. Podendo ser encontrados nos seguintes trechos de Provérbios: 2.17/ 16.28/ 17.9.


2 - POR QUE O LIVRO DE PROVÉRBIOS FALA SOBRE AMIZADE?

2.1 – Porque Deus fez o homem para se relacionar:
Gênesis 2.18: “Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”.

2.2 – Porque Deus criou homem e a mulher para se multiplicarem:
Gênesis 1.28: "E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra".

Gênesis 9.1 e 7: “Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra”. “Mas sede fecundos e multiplicai-vos; povoai a terra e multiplicai-vos nela”.

2.3 – Porque com a multiplicação do homem sobre a terra, Deus estabeleceu regras de relacionamento para o povo que chamou para si:

Levítico 19.10-18: “Não rebuscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás ao pobre e ao estrangeiro. Eu sou o SENHOR, vosso Deus. 11 Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo; 12 nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus. Eu sou o SENHOR. 13 Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã. 14 Não amaldiçoarás o surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR. 15 Não farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo. 16 Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o SENHOR. 17 Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado. 18 Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR”.

Observação: os versos 13, 16 e 18, nos quais vemos a palavra “próximo”, no original é o vocábulo רע rea ̀ ou ריע. (Veja a definição da palavra no ponto 1).

2.4 – Porque na história do Pai de Salomão, o relacionamento entre Davi e Jônatas ilustra muito bem os propósitos de Deus na amizade:

1 Samuel 18.1-5: “Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. Saul, naquele dia, o tomou e não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai. Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma. Despojou-se Jônatas da capa que vestia e a deu a Davi, como também a armadura, inclusive a espada, o arco e o cinto. Saía Davi aonde quer que Saul o enviava e se conduzia com prudência; de modo que Saul o pôs sobre tropas do seu exército, e era ele benquisto de todo o povo e até dos próprios servos de Saul”.

2.3.1 - Exemplos da Amizade entre Davi e Jônatas:

a) Quando Saul tentou matar Davi, foi Jônatas quem protegeu o seu amigo: 1 Samuel 20.
b) Jônatas fortaleceu a fé de Davi: 1 Samuel 23.15-18.
c) Davi lamentou amargamente a morte deste amigo excepcional: 2 Samuel 1:17-27.
d) Depois da morte de Jônatas, Davi mostrou bondade para com seu filho aleijado, Mefibosete: 2 Samuel 9.

De acordo com John Stott, “a amizade humana é uma provisão amorosa de Deus”. (STOTT, John. A Mensagem de Segunda Timóteo. 2ª Ed. São Paulo: ABU, 2001. P.115).

2.4 – Porque Davi também experimentou as conseqüências de suas atitudes desleais para com o seu companheiro Urias.

Ler: 2 Samuel 11-12.

Observação: conforme a Lei, “Se alguém furtar boi ou ovelha e o abater ou vender, por um boi pagará cinco bois, e quatro ovelhas por uma ovelha”. (Êxodo 22.1). Davi, por sua vez, ao orquestrar a morte de Urias e tomar sua esposa, sofreu as seguintes consequências:
a) Morte do primeiro filho com Bate-Seba: 2Sm 12.14-18.
b) Morte de Amnon: 2 Sm 13.28-29.
c) Morte de Absalão: 2 Sm 18. 14-15.
d) Morte de Adonias: 1 Rs 2.24-25.

2.5 – Porque Davi sofreu com a amizade falsa de Jonadabe como o seu filho Amnon:

Ler: 2 Samuel 13.3-36.


3 – O QUE É PRECISO PARA SE TORNAR UM BOM AMIGO À LUZ DE PROVÉRBIOS?

3.1 – Amor:
Provérbios 17.17: “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão”.
Segundo Derick Kidner, o sentido é que, na hora das dificuldades, vê-se a razão de ser dos laços familiares, e percebe-se quem são os amigos.

3.2 – Ser uma pessoa justa:
Provérbios 12.26: "O justo serve de guia para o seu companheiro, mas o caminho dos perversos os faz errar"

3.3 – Ser uma pessoa sábia:
Provérbios 13.20: "Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau".

3.4 – Ser uma pessoa que traz conforto:
Provérbios 15.30: “O olhar de amigo alegra ao coração; as boas-novas fortalecem até os ossos”.

3.5 – Constância:
Provérbios 27.10: “Não abandones o teu amigo, nem o amigo de teu pai, nem entres na casa de teu irmão no dia da tua adversidade. Mais vale o vizinho perto do que o irmão longe”.

3.6 – Franqueza:
Provérbios 27. 5 – 6: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos”.

3.7 – Conselho:
Provérbios 27.9: “Como o óleo e o perfume alegram o coração, assim, o amigo encontra doçura no conselho cordial”.

Provérbios 27.17: “Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo”.


4 – QUAIS SÃO OS CUIDADOS QUE TEMOS QUE TER PARA MANTER VIVA E ACESA A CHAMA DA AMIZADE?

4.1 – Não ser frequente na casa do irmão ou forçá-lo a ficar na sua companhia:
Provérbios 27.16-17: “Achaste mel? Come apenas o que te basta, para que não te fartes dele e venhas a vomitá-lo. Não sejas freqüente na casa do teu próximo, para que não se enfade de ti e te aborreça”.

4.2 – Evitar o fofoqueiro:
Provérbios 16.28: “O homem perverso espalha contendas, e o difamador separa os maiores amigos”.
Desordeiros – Espalha: lit. “semeia”. É, apropriadamente, a palavra que se emprega a respeito do ato de soltar as raposas em chamas no meio do trigo dos filisteus, Juízes 15:5. Cf.17:9.

4.3 – Discrição:
Provérbios 17.9: “O que encobre a transgressão adquire amor, mas o que traz o assunto à baila separa os maiores amigos”.
Traz o assunto à baila, lit. “repete”, o que pode significar espalhar mexericos ou sempre lançar o assunto em rosto –“jogar na cara”. Maiores amigos: trata-se de uma só palavra em hebraico que significa um companheiro íntimo.


5 – ATITUDES COMUNS EM UMA AMIZADE FALSA:

5.1 – Amizade por interesse:
Provérbios 14.20-21: “O pobre é odiado até do vizinho, mas o rico tem muitos amigos. O que despreza ao seu vizinho peca, mas o que se compadece dos pobres é feliz”.

Provérbios 19.4: “As riquezas multiplicam os amigos; mas, ao pobre, o seu próprio amigo o deixa”.

Provérbios 19.6: “Ao generoso, muitos o adulam, e todos são amigos do que dá presentes”.

Provérbios 19.7: “Se os irmãos do pobre o aborrecem, quanto mais se afastarão dele os seus amigos! Corre após eles com súplicas, mas não os alcança”.

5.2 – Não queira ser amigo de todo mundo:
Provérbios 18.24: “O homem que tem muitos amigos sai perdendo; mas há amigo mais chegado do que um irmão”.

5.3 - Induzir o outro a pecar contra Deus:
Provérbios 1.10-16: "Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas. Se disserem: Vem conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem motivo, os inocentes; traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, como os que descem à cova; acharemos toda sorte de bens preciosos, encheremos de despojos a nossa casa; lança a tua sorte entre nós; teremos uma só bolsa. Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; guarda das suas veredas os pés; porque os seus pés correm para o mal e se apressam a derramar sangue".


6 – AS MESMAS DIRETRIZES DE PROVÉRBIOS SÃO ENCONTRADAS E AMPLIADAS NO NOVO TESTAMENTO:

6.1 – Definição da palavra próximo no Grego é semelhante à Hebraica:

A palavra “próximo” no Novo Testamento é πλησιον (plesion), que significa: 1) vizinho. 1a) amigo. 1b) qualquer outra pessoa, onde duas estão envolvidas, o outro (teu companheiro, teu vizinho), de acordo com os judeus, qualquer membro da nação e comunidade hebraica. 1c) de acordo com Cristo, qualquer outra pessoa, não importa de que nação ou religião, com quem se vive ou com quem se encontra.

6.2 – Devemos amar o próximo:
Mateus 5.43-48: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste".

6.3 – Devemos ter atitudes coerentes com a nossa fé nos relacionamentos:
Efésios 4.25-28: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo. Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado”.

6.4 – Não estabelecer relacionamentos eclesiásticos por interesse:
Tiago 2. 1-13: “Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso, e tratardes com deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes: Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés, não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes tomados de perversos pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam? Entretanto, vós outros menosprezastes o pobre. Não são os ricos que vos oprimem e não são eles que vos arrastam para tribunais? Não são eles os que blasfemam o bom nome que sobre vós foi invocado? Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem; se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo argüidos pela lei como transgressores. Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás. também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei. Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade. Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo”.


CONCLUSÃO

Diante das definições e usos do vocábulo “amigo”, aprendemos que todos aqueles que estão envolvidos em nosso convívio, quer diretamente, quer indiretamente, íntimos ou não, devem ser tratados da mesma forma. Ele é o nosso o próximo.

ogo, devemos fazer as seguintes reflexões:

1) Você é um amigo Bíblico? Você oferece uma amizade sincera a gregos e troianos, ricos e pobres, brancos e negros?

2) Você tem sido uma provisão amorosa de Deus na vida dos outros?

3) Você cuida das suas amizades? Evita comentários desnecessários, fofocas, mexericos?

4) Você é moderado e discreto como amigo? Evita estar na casa do amigo toda hora?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O PODER DAS PALAVRAS À LUZ DE PROVÉRBIOS

Seminarista Marcelo Seião

INTRODUÇÃO

Uma vez na Faculdade, o professor iniciou a aula com a seguinte frase: “tudo acontece dentro do campo das palavras”. Imediatamente, minha mente começou a viajar sobre essa máxima – foi como um abrir de uma comporta, uma inundação.

Então, alguns episódios Bíblicos de pronto encheram a minha cabeça. No Início, Deus criou o mundo pronunciando palavras: “Disse Deus: Haja luz; e houve luz” (Gn 1.3). Deus deu as suas primeiras orientações a Adão e Eva utilizando palavras: “E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. (Gn 2. 16-17).

Satanás, por sua vez, enganou o mesmo casal com o uso de palavras: “... É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?... Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”. (Gn 3.1-5).

Tão importante é o seu uso que crenças são formadas e estabelecidas com palavras. Ensinos são transmitidos por meio de palavras. A fé vem pelo ouvir a pregação (Rm 10.17), que se constitui, basicamente, de palavras.

Em Provérbios, apredemos que das sete abominações nele alistadas (6.16-19), três são exemplos do emprego malicioso, maldoso e pernicioso das palavras: “língua mentirosa, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos”.

O Livro da Sabedoria deixa claro que as palavras podem ser usadas para destruir e, também, para construir. Elas podem ferir gravimente, mas também podem curar (Pv 12.18). Elas podem te animar como desanimar – tudo depende da intenção de quem a usa. Ou seja, a maneira como eu uso as palavras revela que tipo de pessoa eu sou: sábia ou insensata, piedosa ou ímpia, prudente ou imprudente.

Uma vez que o propósito do Livro é conduzir o seu leitor pelas vias da sabedoria, o bom uso das palavras não poderia ficar de fora. Vejamos o que Provérbios tem a nos dizer hoje!


1 - O QUE AS PALAVRAS SÃO CAPAZES DE FAZER:

1.1 – Fortalecer o corpo e a alma:
Pv. 15.30: “O olhar de amigo alegra ao coração; as boas-novas fortalecem até os ossos”.

Pv. 16.24: “Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo”.


1.2 – Ferir gravemente:
Pv. 12.18: “Alguém há cuja tagarelice é como pontas de espada, mas a língua dos sábios é medicina”.

Observação: “tagarelice contém a idéia de precipitação, de deixar escapar palavras. No Hebraico, o falar irrefletidamente em Sl 106.33 é a mesma palavra que temos aqui, e representa a explosão de raiva de Moisés. Moffart ressalta bem o contraste da segunda linha: “mas há poder curador em palavras bem pensadas”. (KIDNER, Derek. Provérbios. Introduçãoe Comentário. São Paulo: Vida Nova. 2006. p. 94).


2 – A MANEIRA DE USAR AS PALAVRAS REVELA QUEM É O SEU USUÁRIO:

2.1 – Provérbios 10.18-21:

Insensato:
(vs 18) “O que retém o ódio é de lábios falsos, e o que difama é insensato”.

Prudente:
(vs 19) “No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente”.

Justo:
(Vs 20-21) “Prata escolhida é a língua do justo, mas o coração dos perversos vale mui pouco. Os lábios do justo apascentam a muitos, mas, por falta de senso, morrem os tolos”.


2.2 – Pv. 11.9-11:

Ímpio:
(Vs. 9 - 10) “O ímpio, com a boca, destrói o próximo, mas os justos são libertados pelo conhecimento. No bem-estar dos justos exulta a cidade, e, perecendo os perversos, há júbilo”.

Observação: o ímpio nessa passagem significa “hipócrita, profano, sem religião”.

Perverso:
(Vs. 11) “Pela bênção que os retos suscitam, a cidade se exalta, mas pela boca dos perversos é derribada”.

O Insensato e o Prudente:
(Vs. 12) “O que despreza o próximo é falto de senso, mas o homem prudente, este se cala”.

Mexeriqueiro e o fiel:
(Vs 13) “O mexeriqueiro descobre o segredo, mas o fiel de espírito o encobre”.


3. COMO USAR AS PALAVRAS?

3.1 – Muitas vezes é prudente se calar:
Pv. 10.19:
“No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente”.

Pv. 11.12:
“O que despreza o próximo é falto de senso, mas o homem prudente, este se cala”.

Pv. 13.3:
“O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína”.

Pv. 17.27 - 28:
“Quem retém as palavras possui o conhecimento, e o sereno de espírito é homem de inteligência. Até o estulto, quando se cala, é tido por sábio, e o que cerra os lábios, por sábio”.


3.2 – Pensar antes de responder:
Pv. 15.28:
“O coração do justo medita o que há de responder, mas a boca dos perversos transborda maldades”.

3.3 – Existe a hora e a forma certa de falar:
Pv. 25.11-15:
“Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo. Como pendentes e jóias de ouro puro, assim é o sábio repreensor para o ouvido atento. Como o frescor de neve no tempo da ceifa, assim é o mensageiro fiel para com os que o enviam, porque refrigera a alma dos seus senhores. Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba de dádivas que não fez. A longanimidade persuade o príncipe, e a língua branda esmaga ossos”.


4. QUAL É A IMPORTÂNCIA DAS PALAVRAS NO NOVO TESTAMENTO?

4.1 – Nos Ensinos de Jesus:

4.1.1 – As palavras trazem justificação ou condenação:

Mateus 12.33-37:
“Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado”.

William MacDonald diz que “Jesus solenemente os avisou (e a nós também) de que as pessoas darão conta por cada palavra frívola que pronunciarem. Porque as palavras que as pessoas pronunciam são uma medida padrão de sua vida, elas formarão uma base para a condenação ou absolvição. Quão grande será a condenação para os fariseus pelas palavras vis e desdenhosas que falaram contra o Santo Filho de Deus!”. (MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular Versículo por Versículo – Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão, 2007. p. 52).

4.1.2 – As palavras contaminam o homem:

Mateus 15.10-20:
“E, tendo convocado a multidão, lhes disse: Ouvi e entendei: não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem. [...] Jesus, porém, disse: Também vós não entendeis ainda? Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre e, depois, é lançado em lugar escuso? Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos não o contamina”.

William MacDonald comenta: “Os fariseus e escribas eram extremamente cuidadosos acerca da observância ostentosa e escrupulosa das cerimônias de lavar as mãos. Mas sua vida íntima negligenciaram os assuntos de maior importância. Eles podiam criticar a falha dos discípulos no guardar as tradições não inspiradas, e ainda assim planejavam matar o Filho de Deus. Além disso, eram culpados da lista inteira de pecados registrados no versículo 19”. (MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular Versículo por Versículo – Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão, 2007. p. 63.)

4.2 – No Ensino dos Apóstolos:

4.2.1 – No Ensino de Paulo:

Colossenses 3.17:
“E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”.

William MacDonald expõe o seguinte: “Hoje em dia, os jovens têm grande dificuldade para distinguir o certo e o errado, mas se conseguirem decorar esse versículo terão uma chave para resolver seus problemas. O grande teste nesse caso é: posso fazer isso em nome do Senhor Jesus? Isso contribuirá para a glória de Cristo?”. (MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular Versículo por Versículo – Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão, 2007. p. 703).

4.2.2: No Ensino de Tiago:

Tiago 3.2-12:
“Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo”. [...] “Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim. Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso? Acaso, meus irmãos, pode a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Tampouco fonte de água salgada pode dar água doce”.

William MacDonald faz o seguinte apontamento: “Assim como os médicos de antigamente examinavam a língua para conhecer estado de saúde do paciente, Tiago avalia a saúde espiritual da pessoa por meio de suas palavras. A primeira etapa do autodiagnóstico são os pecados da fala. Tiago concordaria com a pessoa espirituosa que disse: ‘cuide de sua língua. Ela fica num ambiente molhado, onde é mais fácil escorregar!”. (MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular Versículo por Versículo – Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão, 2007. p. 890).


CONCLUSÃO

Como podemos facilmente notar, tanto Provérbios como o Novo Testamento nos conclama a fazer um hemograma espiritual, no qual nossas palavras passarão por um exame completo que detecta e diagnostica algumas infermidades espirituais – difamação, fofoca, falso testemunho, mentira, etc.

Esse exame só pode ser compreendido e interpretado pelo Médico dos médicos; só Ele é capaz de apontar as causas dos problemas de ordem espiritual e receitar vitaminas, remédios apropriados e dietas. Como por exemplo, parar de se alimentar dos quitutes do maldizente. (Pv 18.8).

Além disso, inexoravelemente esse hemograma espiritual vai nos nos mostrar o quanto somos insensatos ou sábios – convertidos ou não.

Questões para Reflexão:

1 – O que você descobriu sobre você mesmo?Você é insensato ou sábio? Fonte de água salgada ou doce?

2 – Suas palavras ferem mais do que curam ou destroem mais que constroem? Como você tem usado as palavras nas diferentes esferas de sua vida social? No trabalho, em casa, na escola ou faculdade e na Igreja? Suas palavras abençoam ou amaldiçoam?

3 – Talvez você não fala mal das pessoas, mas ama ouvir um mexerico. Você tem dado ouvidos às difamações, fofocas, disse-me-disse, etc.?



quarta-feira, 7 de julho de 2010

O PREGUIÇOSO E A SUA PREGUIÇA À LUZ DE PROVÉRBIOS

Seminarista Marcelo Seião

INTRODUÇÃO

O livro de Provérbios é um guia para aqueles que querem experimentar a vontade de Deus em diferentes situações e particularidades do dia-a-dia, funcionando como um tipo de comentário ampliado e aplicativo, ensinando-nos a ter atitudes coerentes com a Lei do Senhor.

Um dos temas encontrados nesse Livro Sagrado é o proceder do preguiçoso. As palavras hebraicas para preguiçoso e preguiça significam literalmente lerdeza e lentidão. Interessantemente, a Língua Portuguesa traz em seu bojo as mesmas significações “lentidão, vagar, preguiça”. Tendo, além disso, as seguintes definições: “s. f.1. Propensão para não trabalhar. = mandriice, ócio, vadiagem 2. Demora ou lentidão em agir. = vagar 3. Gosto de estar na cama, de se levantar tarde” .

Em Provérbios, o autor inspirado por Deus expõe uma tragicomédia do preguiçoso, como uma caricatura deforme e exagerada, mostrando-o atado a sua cama com dobradiças (Pv 26.14) e dando desculpas cheias de preposterações. (Pv 22.13).

Como sabemos, descansar não é pecado, visto que a Lei do Senhor prevê um dia para isso: “Seis dias farás a tua obra, mas, ao sétimo dia, descansarás; para que descanse o teu boi e o teu jumento; e para que tome alento o filho da tua serva e o forasteiro". (Êxodo 23.12).

Porém, Provérbios confronta o preguiçoso que quer descansar mais que o devido e trabalhar menos que o necessário, perguntado-lhe: “até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?”. (Pv. 6.9).

Ora, Salomão sabia muito bem aonde a preguiça poderia conduzir um homem: em direção a pecados ainda mais graves, como no caso de seu pai, que NUMA TARDE LEVANTOU-SE “do seu leito e andava passeando no terraço da casa real; daí viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa. Davi mandou perguntar quem era. Disseram-lhe: É Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu. Então, enviou Davi mensageiros que a trouxessem; ela veio, e ele se deitou com ela. Tendo-se ela purificado da sua imundícia, voltou para sua casa. A mulher concebeu e mandou dizer a Davi: Estou grávida”. (2 Samuel 11. 1-5).

Provérbios, então, leva-nos a ponderar o seguinte: será que nos encaixamos no protótipo do preguiçoso? Nossas atitudes revelam quem somos! Assim, ao sermos confrontados com o texto que revela a vontade do Senhor, ele nos conclama a MUDANÇA e aponta as futuras consequências: benção ou maldição.


1 - O QUE O PREGUIÇOSO PENSA DE SI MESMO?

1.1 – O preguiçoso é sábio aos seus próprios olhos:
“Mais sábio é o preguiçoso a seus próprios olhos do que sete homens que sabem responder bem”. (Pv. 26.16)


2 - COMO O PREGUIÇOSO ENCARA OS DESAFIOS DA VIDA?

2.1 – Para o preguiçoso tudo é difícil na vida:
“O caminho do preguiçoso é como que cercado de espinhos, mas a vereda dos retos é plana”. (Pv. 15:19).

2.2 – Para o preguiçoso sempre há uma boa desculpa na ponta da língua:
“Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas”. (Pv. 22.13 e 26:13).

2.3 – Para o preguiçoso qualquer coisa serve de pretexto para não fazer o que se deve:
“Preguiçoso não lavra por causa do inverno, pelo que, na sega, procura e nada encontra”. (Pv. 20.30).


3 - QUAIS SÃO AS ATITUDES DO DIA-A-DIA DO PREGUIÇOSO?

3.1 – O preguiçoso não quer ter trabalho em nada:
“O preguiçoso mete a mão no prato e não quer ter o trabalho de a levar à boca”. (Pv. 19.24 e Pv. 26.15).

3.2 – O preguiçoso não corre atrás:
“O preguiçoso não assará a sua caça, mas o bem precioso do homem é ser ele diligente”. (Pv. 12.27).

3.3 – O preguiçoso ama o conforto da sua cama:
“Como a porta se revolve nos seus gonzos, assim, o preguiçoso, no seu leito”. (Pv. 26.14). NTLH diz: “O preguiçoso vira de um lado para outro na cama. Ele é como uma porta que gira nas dobradiças, mas, de fato, não sai do lugar”.

3.4 – O preguiçoso é uma tormenta para o seu senhor:
“Como vinagre para os dentes e fumaça para os olhos, assim é o preguiçoso para aqueles que o mandam”. (Pv. 10.26). NTHL afirma: “Nunca mande um preguiçoso fazer alguma coisa; ele será tão irritante como vinagre nos dentes ou fumaça nos olhos”.


4 - O QUE O PREGUIÇOSO FAZ PARA CONCRETIZAR SEUS DESEJOS?

4.1 – O preguiçoso tem sonhos e/ou desejos:
“O preguiçoso deseja e nada tem, mas a alma dos diligentes se farta”. (Pv. 13.4)

4.2 – O preguiçoso deseja, mas não luta para conquistar:
“O preguiçoso morre desejando, porque as suas mãos recusam trabalhar”. (Pv. 21.25).


5 - QUE CONSELHO PROVÉRBIOS TRAZ PARA O PREGUIÇOSO?

5.1 - Convida o preguiçoso a “ter com a formiga”:
“Vai ter com a formiga, ó preguiçoso,...”. (Pv 6.6 –A)

5.2 - A considerar “os seus caminhos”:
“... considera os seus caminhos...”. (Pv 6.6 –B)

5.3 - A ser “sábio”:
“... e sê sábio...”. (Pv 6.6 –C)


CONCLUSÃO

Diz o ditado popular: “mente vazia, oficina do Diabo”.

A lição que aprendemos com o próprio autor do livro é: se o preguiçoso não mudar de atitude, ele passará grandes e terríveis privações. (Pv. 24.30-34). Por essa razão, ele é questionado pelo autor: “até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?” (Pv. 6.9).

Além disso, ele o convida a aprender a lição com a formiga, mudar de atitude e, assim, se tornar verdadeiramente um homem sábio.

PERGUNTE-SE:

1. Você é um daqueles que vive sonhando, mas não traça planos, metas e alvos para alcançar o que se deseja?

2. Você deseja ter tudo de “mão beijada” sem ter que se sacrificar? Tem sonhado em ganhar na Mega Sena – dinheiro fácil?

3. Você tem protelado seus afazeres? Ou seja, você sempre deixa suas coisas para fazer amanhã? Como por exemplo: trabalhos escolares, sermões, projetos, apresentações e memorandos do trabalho para a última hora.

4. Você tem sempre uma boa desculpa para não fazer o que se deve?

5. Você sempre pára no primeiro obstáculo? Ou pior, só de pensar nos obstáculos, nem tenta?

Caso suas respostas sejam mais positivas do que negativas, cuidado! A preguiça está à porta!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

SENDO TRANSFORMADO

Teólogo Heber Mello.

“Todo Homem deseja mudanças, porém resiste a estas mudanças com a mesma intensidade que as deseja”.
Hieráclito

“O Homem que está crucificado tem os olhos voltados para uma só direção… Ele não pode olhar para trás. O homem crucificado está olhando apenas uma direção, que é a direção de Deus, de Cristo e do Espírito Santo… O homem na cruz não tem mais planos para si… Mas alguém fez planos para ele, e quando eles o pregaram naquela cruz, todos os seus planos desapareceram. Quando você se dispõe a morrer na cruz, você diz ‘adeus’; você não vai voltar!”
A. W. Tozer


TEXTO BASE: João 4: 1- 30 e 39-42.

Conhecer a Deus é algo que todos desejam, porém, quando nos referimos a conhecer a Deus dentro do cristianismo, estamos apontando para um conhecer que ultrapassa a simples religião.

A “palavra” que traduz essa grandeza é transformação; ou seja, conhecer a Deus é experimentar na prática uma transformação que se torna visível em nossas ações, é grifar a marca de Deus em nós - um sinal visível de algo que é invisível. Em outras palavras, o lado prático da salvação por meio da graça.

A Bíblia fala sobre transformação e nos mostra como essa nova vida foi produzida em pessoas comuns que marcaram sua época e história.

Mas será que hoje nós precisamos de transformação?

As opiniões são diversas: uns acham que precisam; outros dizem que precisam, mas não sabem como e nem por onde começar; outros mais convictos, afirmam que dizem estar bem e não precisam de transformação.

Uma forma bem clara de perceber essa última opinião é fazermos uma pergunta: quando entramos em um culto, qual é a nossa motivação? Será que entramos com uma posição humilde percebendo que estamos em um processo de cura, que necessitamos de mudanças diárias, ou entramos para assistir um culto sem nem perceber que precisamos de transformação?

Talvez a resposta possa nos surpreender.

O fato é que todos necessitam de uma transformação diária. A palavra que fala sobre salvação traduz a idéia de mudança radical de rumo, uma mudança diária onde somos transformados de glória e glória pela ação do Espírito Santo. Porém, a transformação inicia-se com o reconhecer nossas necessidades.

O texto referência desta mensagem, muitas vezes, é usado para trabalhar o tema adoração, mas nessa mensagem, quero abordar um outro aspecto; isto é, o projeto de transformação que Deus anseia para nossas vidas e o nosso papel nesse processo.

Vemos perceber o que acontece dentro desse processo de Deus

DEVEMOS ENTENDER QUE DEUS DESEJA NOS TRANSFORMAR MUITO MAIS DO QUE DESEJAMOS SER TRANSFORMADOS

O que precisamos perceber?

1. PERCEBER AS OPORTUNIDADES. v. 4 a 7
“E era necessário atravessar a província de Samaria. Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José. E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água.”.

Olhando a historia do Evangelho, conseguimos visualizar a ação divina em gerar oportunidades, porém necessitamos de perceber esses momentos que Deus prepara. Deus trabalha movendo o céu a terra, através de circunstâncias que, muitas vezes, consideramos comuns em nosso dia a dia, a cada segundo o Senhor articula formas de oferecer oportunidades por meio do amor.

Sem dúvida Jesus promove oportunidades de transformação e nesse texto estava oferecendo essa oportunidade. Note que o autor destaca a ideia de que era necessário passar por Samaria, e porque essa ênfase? Vamos analisar alguns fatos que respondem a essa pergunta.

Ao estudar um pouco da história dos samaritanos e judeus, percebemos que apesar deste caminho ser o percurso mais curto de Judéia à Galileia não era uma rota usual. Seria muito difícil ou talvez impossível que um judeu utilizasse este caminho pelo fato de que os samaritanos eram tratados com profundo desprezo.

Samaria era povoada por habitantes mestiços, descendentes de algumas tribos que passaram pelos 70 anos de cativeiro na Babilônia, tinham sua base religiosa no Pentateuco e a adoração ao Senhor misturado com práticas de deuses pagãos, por haver em sua cultura uma miscigenação racial e religiosa. Assim, além de serem abominados pelos judeus, os judeus não passavam pela terra dos samaritanos.

Mas o autor diz que era necessário passar por Samaria. Isso não apenas por uma questão de pegar um atalho mais perto, mas, também, por uma revelação da onisciência de Deus em proporcionar um encontro com aquela mulher.

Fica bem evidente quando autor destaca a hora desse encontro. Por volta da hora sexta, significando por volta do meio dia, uma hora em que ninguém ia ao poço buscar água. Era comum que isso fosse feito pela manhã, quando o sol não estivesse tão quente.

Jesus sabia que aquela mulher estaria ali naquela hora por ser a única hora que ela poderia estar ali, sem que ninguém a visse, pois esta mulher trazia uma letra escarlate em sua testa que denunciava seu pecado.

Não houve coincidências e sim uma maravilhosa ação de Deus para gerar uma oportunidade que mudaria a vida daquela mulher. Jesus é capaz de fazer o que você não imagina para gerar uma oportunidade na sua vida. Por isso precisamos estar atentos à essas oportunidades que Deus nos proporciona.


2. PERCEBER NOSSAS BARREIRAS. Vs. 11 e 12
“Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?”

Quantas vezes buscamos uma transformação em nossa história, porém com a mesma intensidade que desejamos, criamos barreiras para a transformação.

A palavra-chave para essa ideia é permitir. Note quantos obstáculos a mulher colocou: o Senhor não tem balde, o poço é fundo, o Senhor não é maior que o nosso pai Jacó - em tão pouco tempo muitos obstáculos surgiram.

Interessante perceber que na maioria dos aconselhamentos pastorais, as mesmas pessoas que estão buscando e precisando de ajuda são as mesmas que justificam todas as suas ações, projetando a culpa nos outros, na igreja, na instituição e em pequenas coisas que são irrelevantes para o real problema.

Só podemos experimentar uma verdadeira transformação de Deus quando nos desarmamos e tiramos os obstáculos que nós mesmos construímos. Um grande ensinamento desse processo é que para construir é necessário destruir.

Imagine um copo cheio de água e você queira colocar mais água neste copo. Para que isso aconteça sem derramar é necessário que se tire a água antiga. Em nossa vida, isso também é verdade.

Se você quer o novo, é necessário esvaziar seu copo - tirar os velhos conceitos ou pré-conceitos, permitir novas perspectivas, deixar ser mudado não conforme o nosso modelo, mas de acordo com o modelo divino pra nós.

Que fique bem claro que vivenciar o evangelho de Cristo é aprender que minha opinião, agora, passa pela opinião divina, que deve estar no controle sempre.

Tire os obstáculos e se permita receber a transformação que Deus está lhe proporcionando.


3. PERCEBER A VERDADEIRA NECESSIDADE. Vs. 15 a 20.
“Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la. Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá. A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido; Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar”

Verdadeira necessidade. Aqui chegamos em um ponto onde percebemos a natureza humana em evidência. Olhe a sequência das ideias: “Da-me dessa agua para que não tenha mais sede” (Necessidade); “Chama teu marido” (Processo de cura); “Não tenho marido” (Problema); “Teve cinco e o que agora tem não teu marido” (Confronto); “Como se deve adorar?” (FUGA).

Esse diálogo revela o que muitas vezes acontece em nosso realcionamento com Deus, quando Jesus começa a confrontar o pecado da mulher, ELE tem a ideia de gerar cura no real problema dela, que era a falta de amor que se apresentava na carência efetiva. Mas ao invés de passar pelo porcesso e ter a cura dessa carência, ela foge para uma discusão teológica.

Nós somos exatamente assim. Temos nossos problemas, mas preferimos levantar outras questões para não reconhecer nossas faltas. Somente quando passamos por uma real experiência com Deus conseguimos nos livrar desse hábito humano.

Percebemos essa realidade na vida do prefeta Isaías. Se lermos o livro de Isaías até o capítulo 5, vamos perceber o profeta falando dos erros dos outros, do pecado e da fé distorcida, mas no capitulo 6, quando ele diz que viu o Senhor assentado em um alto e subline trono, onde ele tem um encontro sobrenatural com Deus, sua declaração é: “Ai de mim!”, agora não é mais as falhas dos outros que ele ressalta, mas sua falha e aí, então, se transforma o ministerio do profeta Isaías.

Em nossa vida precisamos perceber as verdadeiras necessidades, parar de se apegar a detalhes e buscar aquilo que realmete interessa para vivenciar o evangelho que nos transforma e muda realidades.


CONCLUSÃO:

Testificamos um tempo na história Cristã em que o evangelho está deteriorado, onde perdemos a referência do cristianismo como um prática séria e transformadora. Perdeu-se diante de tantos escândalos e maus exemplos daqueles que professam tal Evangelho.

Poderíamos diante disso apontar diversas causas dessa situação, poderíamos criticar os que estão fazendo isso. Mas quero te convidar a perceber que nós mesmos somos parte desse Evangelho e nos tornamos responsáveis por isso. Assim, ao invés de apontarmos culpados, vamos ver o quê, como cristãos, podemos fazer diferente, vamos começar por aí, de mim.

A transformação da realidade que testeficamos começa com a transformação em nós, é o fluir das águas tranformadoras de Deus através de nossas vidas, quando de fato percebemos Deus nos dando oportunidades de mudança e nos permitimos a essa mudança.

Quando podemos dizer que somos cristãos que amamos ao Senhor, fomos alcançados e por sua graça e vivenciamos a transformação que este evangelho é capaz de realizar.

A transformação de Deus começa em mim, começa em você e é escancarada em nosso tempo.

Deus está promovendo uma oportunidade de transformação na sua vida.

Deus promoveu essa oportunidade para Abraão no Monte Moriá, onde supriu o cordeiro quando estava sendo testado na sua fé em relação ao seu filho Isaque;

Ele promoveu um lugar chamado Peniel para mudar a vida de Jacó;

Ele promoveu a prisão do Egito para que José fosse formado em um grande líder que iria abençoar toda uma nação;

Ele promoveu um gigante chamado Golias para levantar um rei chamado Davi;

Ele promoveu “Isaias 6” para mudar o ministério do profeta Isaias;

Ele promoveu um poço para transformar a mulher samaritana;

Ele promoveu uma tempestade para levantar o ministério Lutero um dos grandes reformadores da igreja protestante;

Ele promoveu os índios norte-americanos para expandir o ministério de Jonh Wesley, um dos grandes evangelistas da história;

Ele promoveu uma visita estudantil na casa de Jonh Wesley, algum tempo depois de sua morte, para levantar Billy Graham, um grande evangelista de nossos dias;

Ele está promovendo essa hora para você

Será que você consegue PERCEBER o que Deus esta fazendo hoje?

Deixe Deus trabalhar em sua vida e através dela para refletir sua glória na terra e transformar aqueles que estão ao seu redor, assim como o final do texto, quando vemos o poder transformador alcançando muitos de samaria.

“E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito.Indo, pois, ter com ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias.E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra.E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo“ João 4: 39 e 42

Através da transformação de uma mulher, muitos mais foram alcançados, e através de sua vida muitos serão alcançados. Deixe essa transformação vinda do amor de Deus, por intermédio de Cristo e pela ação do Espírito Santo, inundar seu coração.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

AS QUATRO ARMAS PAULINAS PARA COMBATER O ABANDONO E A SOLIDÃO

Seminarista Marcelo Seião
TEXTO BASE: 2 Timóteo 4.9-18:

“ 9 Procura vir ter comigo depressa. 10 Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. 11 Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério. 12 Quanto a Tíquico, mandei-o até Éfeso. 13 Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos. 14 Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras. 15 Tu, guarda-te também dele, porque resistiu fortemente às nossas palavras. 16 Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! 17 Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. 18 O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!”.

INTRODUÇÃO

Muitas coisas podem nos fazer sentir o frio da solidão: a falta de amizades, mudança de cidade, perda de emprego, um namoro rompido abruptamente, um casamento em que há ressentimento ou quando o amor dado não é correspondido, um divórcio e a perda de um ente querido.

Sem dúvida, essas situações podem desencadear não só a solidão, mas também a depressão. Aprender a lidar com mudanças e situações adversas é essencial para superar os dias maus - o sentimento de abandono, perda, solidão e depressão.

Acredito que dentro desse ramo, o apóstolo Paulo é a pessoa ideal para nos apontar um caminho, pois ele mesmo afirmou em Filipenses 4.10-13 o seguinte: [...] porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. 12 Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; 13 tudo posso naquele que me fortalece.

Assim sendo, gostaria de mostrar quatro atitudes práticas – quatro pedidos – de Paulo diante dos dias de abandono, solidão e tensão antes de ser excutado em Roma em meados do primeiro século.


PRIMEIRO PEDIDO:
(Vs 9-11) “Procura vir ter comigo depressa. 10 Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. 11 Somente Lucas está comigo”.

À luz deste trecho, podemos facilmente perceber que tanto Paulo quanto Lucas estavam ficando sós. Paulo, em particular, como bem caracterizou John Stott, vivenciava o seu Getsemani – preso pela segunda e às vésperas do martírio.

Então, em seu primeiro pedido, o apóstolo pede a Timóteo, “seu verdadeiro filho na fé”(1 Tm 1.2), que venha o quanto antes para estar com ele e enfatiza o seu pedido no verso 21, dizendo: “venha antes do inverno”.

Sem dúvida, Paulo sentia muito com a partida de companheiros fíes e sofria profundamente com o abandono de outros. Demas, por exemplo, é citado ao lado de Lucas em Colossenses 4.14 e em Filemom vs.24 e, agora, é listado como desertor.

Paulo era um homem consciente do seu chamado e sabia que precisava dar as últimas orientações, compartilhar algumas experiências, trazer consolo e exortações antes de partir. Por outro lado, Paulo também precisava de ser cosolado através do olhar de amigos e de boas-notícias, como bem nos ensina Provérbios 15.30: “O olhar de amigo alegra ao coração; as boas-novas fortalecem até os ossos”.

Aplicações Práticas:

1) Esta passagem evidencia o trabalho e o envolvimento incansável de Paulo mesmo na prisão.
Não existe uma justificativa que nos libere do labor da obra de Deus – nem mesmo a prisão. Veja o exemplo John Bunyan: em doze anos de prisão, escreveu um bestseller – O Peregrino.

2) Esta porção das Escrituras mostra a fragilidade do grande apóstolo Paulo, um homem que necessitava de companhia – de amigos.
De acordo com John Stott, “a amizade humana, contudo, é uma provisão amorosa de Deus” . Devemos sempre ter diante de nós o seguinte: “o homem nunca foi e nunca será uma ilha por mais poderoso que ele seja”; “não somos tão “espirituais” ao ponto de dizer não preciso de ninguém, pois Cristo me basta”. Desde o início não era bom que o homem vivesse só e, em seguida, Deus ordenou: “crescei e multiplicai”.

3) O verso mostra claramente que alguns amigos partem para uma missão e outros, por sua vez, abandonam a missão.
Devemos estar cientes de que amigos vem e vão por diferentes motivos – pelos certos e, também, pelos errados.

4) Diante do abandono ou da partida de amigos importantes, Paulo buscou auxílio de outros amigos.
Assim, não devemos nos isolar e chorar sozinhos, mas, sim nos lembrar de que ainda há outros amigos; peça para que eles o visitem, ligue para eles, mande e-mails e scraps no Orkut, etc... Onde estão os seus amigos de oração, de caminhada?


SEGUNDO PEDIDO:
(Vs 11b) “Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério”.

Este é sem dúvida um pedido intrigante e ao mesmo tempo confrontador! Marcos havia sido companheiro de Paulo e o desertara há alguns anos atrás. (Atos 13.13). John Stott, ao olhar para tal episódio, nos apresenta alguns possíveis motivos para a decisão de João Marcos :

a) Estaria com saudades de sua casa espaçosa em Jerusalém.

b) Estava ressentido com o fato de a sociedade Barnabé e Saulo (Atos 13.2 e 7) ter se tornado Paulo e Barnabé (Atos 13. 13 e 46), já que agora Paulo estava assumindo a liderança, deixando-o em segundo plano.

c) Talvez, Marcos não quis enfrentar a dura escalada das montanhas de Taurus, conhecidas por serem infestadas por bandidos (cf. “em perigo de salteadores”. 2 Co 11.26)?

d) Paulo estava doente e Marcos considerava imprudente sua determinação de ir em direção ao norte, passando pelas montanhas. A carta aos Gálatas nos mostra em que circunstâncias Paulo chegou às cidades do sul do planalto da Galácia: “e vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez, por causa de uma infermidade física”. (Gl 4.13).

e) Quem sabe Marcos, um membro da Igreja conservadora de Jerusalém, não concordava com a ousadia do programa de Paulo em anunciar aos gentios o Evangelho de Cristo. Teria sido ele o opositor de Atos 15.1 que provocou a oposição dos judaizantes contra Paulo?

Infelizmente ou felizmente, não sabemos o que verdadeiramente aconteceu. No entanto, mais à frente, o livro de Atos nos mostra uma cena interessantíssima: Paulo e Barnabé discordam a respeito da companhia de Marcos na segunda viagem missionária. (Atos 15.37) “queria levar também a João, chamado Marcos”, todavia Paulo (Atos 15.38) “não achava justo levarem aquele que se afastara desde a Panfília, não os acompanhando no trabalho”.

Resumo da obra: (Atos 15.39-41) “Houve entre eles tal desavença, que vieram a separar-se. Então, Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos irmãos à graça do Senhor. E passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas”.

Sabemos, contudo, que mais tarde Paulo recomenda aos membros da Igreja de Colossos que acolha Marcos, caso ele venha visitá-los. (Cl 4.10). Dessa forma, o curriculum de João Marcos enriqueciasse cada vez mais: era filho de Maria de Jesrusalém, que possuia uma casa onde cristãos se reuniam , foi companheiro de Barnabé, útil nos últimos dias de Paulo, foi companheiro de Pedro, sendo por ele chamado de “meu filho Marcos” (1Pedro 5.13), e, conforme uma tradição confiável, autor do Segundo Evangelho, escrevendo as memórias de Pedro.

Aplicação Prática:

1) Diante do abandono e partida de amigos queridos, Paulo chama para o seu convívio um amigo que um dia, também, o abandonara. Ele não se ressentiu do mal, porque houve reconciliação e perdão; o chamado e os talentos dados por Deus a Marcos eram muito mais importantes e relevantes do que sua falha passada.
Chame também aqueles que um dia você se reconciliou, não os deixe de lado com medo de se decepcionar novamente. Você verá o quanto eles te serão úteis na caminhada.

2) Apredemos com Paulo que não devemos reduzir o conceito de um amigo por causa de uma falha. Ele não eliminou Marcos de sua vida e não teve vergonha de lhe pedir ajuda.
Cuidado com quem eliminamos de nosso círculo, pois poderemos incorrer no erro de excluir alguém que poderá ser útil para nós como para muitos outros.


TERCEIRO PEDIDO:
(Vs. 13) “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo...”

A partir do o verso 21, podemos inferir que o inverno estava às portas e sabemos que quando estamos sozinhos e passando por desconfortos físicos, a solidão e o sentimento de abandono tendem a se intensificar.

Além disso, o nosso orgulho nessas horas nos propõe o seguinte: “eu nunca dependi de favores de ninguém e não vai ser agora que eu vou pedir”. Porém, o que vemos o grande apóstolo Paulo fazer é justamente o contrário, “Paulo não tinha vergonha de dar atenção às suas necessidades físicas” .

Um fato semelhante ao de Paulo aconteceu com William Tyndale, contemporâneo de Lutero e pai da Bíblia Inglesa. Durante os dezoito meses do seu encarceramento, Tyndale escreveu um dos documentos mais tristes existentes em toda a história da Igreja Protestante (tirado dos arquivos do Concílio de Brabant): uma carta escrita em Latim, pela própria mão do reformador, para o governador de Vilvorde:

Creio, cheio de legítima adoração, que não estarei despercebido do que pode ter sido determinado com respeito a mim. Daí porque peço a Vossa Senhoria, e isso pelo Senhor Jesus, que se devo permanecer aqui pelo inverno, Vossa Senhoria diga ao comissário que faça a gentileza de enviar-me, dos meus pertences que estão com ele, um boné contra o frio, visto como sinto muito frio na cabeça [...]. Também uma capa de inverno, pois a que tenho é muito fina[...].

Peço que me seja permitido ter uma lâmpada à noite. É de fato aterrador ficar sentado sozinho no escuro. Mas, antes de tudo, peço que ele gentilmente me permita ter uma Bíblia hebraica, uma gramática hebraica e um dicionário hebraico, para que eu aproveite o tempo estudando [...] .

Aplicação Prática:

1) Paulo não teve vergonha de pedir favores aos seus amigos.
Não devemos ter vergonha de pedir ajuda aos nossos amigos em relação ao nosso físico.


QUARTO PEDIDO:
“... bem como os livros, especialmente os pergaminhos”.

Diz o dito popular: “mente vazia, oficina do diabo”. Apesar de sua morte estar próxima, isso não era motivo para se entregar ao relaxamento e à acomodação. O apóstolo sabia que sua mente precisava estar ocupada, bem alimentada e nutrida constantimente.

João Calvino, há mais ou menos quinhentos anos, fez o seguinte comentário diante desta porção da Palavra de Deus: “É óbivio que, á luz deste fato, embora o apóstolo já estivesse se preparando para a morte, ele não renuncia à leitura. Onde estão aqueles que acreditam que já progrediram tanto que não mais necessitam de outros recursos e qual deles ousaria comapara-se com Paulo? Ainda mais, esta passagem refuta a demência dos fanáticos que desprezam os livros e condenam toda e qualquer leitura, bem como se gabam tão-somente de suas inspirações divinas particulares. Mas é preciso notar bem que esta passagem recomenda a todos os piedosos leitura contínua como algo do qual poderão estrair muito proveito”[grifo meu] .

Infelizmente, Paulo não diz que livros eram esses. Partes das Escrituras? Cópias de suas cartas? Escritos de algum evangelista? Anotações de sermões? Não sabemos! Contudo, conhecendo a piedade e o caráter de Paulo, com certeza não seria de todo errado afirmar que eram Escritos Sagrados ou livros que lhe falariam ao coração.

Vejamos algumas evidências:

Anteriormente, Paulo escrevera em sua primeira carta a Timóteo as seguintes palavras: “Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino.[...] Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto. [...]”.(1Timóteo 4.13-16). E ele não poderia fazer diferente: leria e meditaria na Palavra de Deus até às vesperas de sua morte, uma vez que esse era o meio mais seguro de se relacionar com Deus – seu melhor amigo.

Paulo também redigira uma carta aos Romanos, afirmando que: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”. (Romanos 10.17). Isto é, a Palavra de Deus gera fé e convicção. Tudo o que ele precisava, espiritualmente falando, estaria ali.

Outro fator importantíssimo era que Paulo tinha absoluta certeza de que as Sagradas Letras eram mensagens que poderiam ecoar em seu coração naquele exato momento através da iluminação do Espírito Santo. Ora, ele mesmo asseverara que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,...” (1 Timóteo 3.16).

Para finalizar, sabendo que sua concepção sobre quando devemos orar – “orai sem cessar.”(1Tessalonicenses 5.17) –, mais as Escrituras em suas mãos, resultaria em facilmente ouvir e compreender a vontade de Deus para aquele momento; sua oração não seria egoísta ou acusativa, mas, sim, comforme à vontade do Pai.

Jesus, o Bom Amigo, disse a verdade aos seus: “ Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito”. “ [...]. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros;...”. (João 15. 7; 20).

Paulo sabia que essa era a vontade de Deus para sua vida naquele momento, visto que fora justamente isso que Deus revelara a Ananias: “... este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome”. (Atos 9.15-16).

Aplicação Prática:

1) Paulo queria se ocupar cada vez mais e a leitura era algo de grande valor.
Para vencer a solidão e o abandono, leia mais, ocupe o seu tempo, não dê descanço a sua mente, dá-lhe trabalho e alimento. Leia as Escrituras e livros que fale ao seu coração!

2) Paulo sabia que Deus falava através de sua Palavra em qualquer tempo e situação.
Se queremos vencer o sentimento de perda, abandono e solidão, precisamos de nos relacionar mais com Deus através de sua Palavra. É a Palavra de Deus que edifica; é ela que nos exorta e nos chama a uma mudança; é na Palavra de Deus que está revelada a vontade de Deus para nós; é através dela que ouvimos a voz do Bom Pastor e Amigo Verdadeiro hoje, sob a iluminação do Espírito Santo.


CONCLUSÃO

Se queremos vencer os dias de abandono e solidão, precisamos:

1) Procurar nossos amigos; eles são provisões amorosas de Deus para nos suprir emocionalmente e afetivamente;

2) Procurar, principalemnte, entre aqueles que um dia quase excluimos de nosso convívio; através deles vemos o que poderiamos ter perdido;

3) Suprir as carências do corpo, mesmo que isso inclua pedir ajuda para um de nossos amigo;

4) Ocupar a nossa mente com a leitura da Palavra de Deus, pois é através delas que podemos entender e compreender a vontade de Deus para nós hoje. É através delas que ouvimos a voz do Bom Amigo e Pastor Jesus Cristo. É através delas que somos supridos espiritualmente.